sexta-feira, 27 de outubro de 2017

Tempo de Escorpião

Quando a energia de um signo alcança o Sol, toda a humanidade recebe sua irradiação, a vitalidade da vida se colore com as cores desse signo, e desde o dia 23 de outubro quem dá sua força para nós é Escorpião!
Nas moradas de Escorpião encontramos intensidade emocional, força de vontade concentrada em objetivos fixos, muitas vezes beirando a paranoia, por isso Escorpião é desconfiado e seu olhar de águia penetra a alma, mas nem sempre vê com clareza, pois foca primeiramente no obscuro, procurando nas incertezas humanas seus vacilos, crimes, culpas, pecados e tudo mais que corrompe homens e mulheres. Na sua profundidade está em busca da verdade.
Em Escorpião nos é dada a oportunidade de descermos aos íntimos de nós mesmos, trazer de nossas sombras o que ocultamos de nossa verdade interior. De Áries a Libra, a evolução humana não voltou-se para si mesma para reavaliar-se, e muito lixo emocional é depositado no inconsciente, para depois Escorpião fazer seu inventário e recuperar o que vale a pena, para renascer com mais força e beleza, mas antes vem a dor das renúncias, e dos reconhecimentos daquilo que fora deixado de lado. O que não gosto em mim? Quais meus padrões de preconceito? O que eu faço de escandaloso quando ninguém me observa? O que aponto nos outros que não aceito em mim? Quais desejos sexuais não tenho coragem de assumir a não ser em sonhos ou pesadelos? Quais pessoas ou familiares sou obrigada a fingir afeição? Minto para agradar? Suborno ou aceito suborno? Em quais caminhos corrompo minha alma? Todos essas perguntas carregam uma pesada carga que inevitavelmente temos que colocá-la em algum lugar, e você sabe onde está o seu próprio veneno letal, tal qual o de Escorpião?
O simbolismo de Escorpião tem relação com serpentes, lagartos, escorpiões, águias e pombas. Na fase rastejante temos a pulsão pela morte, o desejo da aniquilação, que psicologicamente é a destruição do ego, das amarras que nos prendem, e que não permitem o voo da águia (consciência), quando Escorpião desce aos infernos interiores e se permite encarar seus próprios demônios sem lançar culpa aos outros e reconhecendo em si sua maldade, a morte e destruição, tal qual o mito da Ave Fênix, que se auto incinerava para ressurgir na vida ainda mais bela, e em profunda transformação, esses seres morrem para o velho e revalidam sua fé na vida que será representada por Sagitário.
A missão de Escorpião é forte e dramática, e sua sexualidade é intensa e apaixonante, mesmo que prefira a castidade, pois quando encontra o amor no ato sexual ou na sua privação, está em contato com a alma e seus segredos, e isso não é nada leve, quando arraigado aos medos e paranoias é ciumento, violento e obsessivo, mas quando liberto dos medos é um amante de corpo e alma. É regido por Plutão e Marte, ambos planetas de intensa violência e destruição. Marte mais aguerrido e potente sexualmente, Plutão lento e aniquilador, obsessivo e apaixonado. Escorpião é um signo fixo, das águas e feminino. É um mago, bruxo, alquimista dos mistérios profundos da alma humana. É sensível e para se proteger pode ser extremamente cruel e não poupar esforços para destruir seus inimigos, corre o risco de destruir a si mesmo, assim como no mito de Órion, um bravo caçador que trava luta com um escorpião gigante e acaba morrendo, mas transforma-se na bela constelação do céu noturno.
O tempo presente é de renascimento, mas antes precisamos morrer. E você sabe o que precisa morrer em você?

Escorpião, por: Lesley Anne Ivory

terça-feira, 3 de outubro de 2017

Faces de Mercúrio

Nós, pessoas que habitamos no tempo do século XXI, estamos vivendo intensamente, sob as energias de Mercúrio. A sociedade contemporânea é sobremaneira lógica, racionalista e intelectualizada, em suma, o pensamento científico ainda é o paradigma da vez.  Damos ênfase às forças mentais (quase sempre desequilibradas rsrs) que geram pensamentos padronizados, muitas vezes confusos, ou em tamanha profusão que não se consegue apreende-los.  Este esquema mental, quase sempre está corrompendo-se aos desmandos do ego em detrimento da vontade própria.
 E em astrologia o que Mercúrio quer nos dizer?
Mercúrio é o menor planeta do sistema solar, o mais veloz e próximo do Sol, sua longitude em relação ao astro rei é de no máximo 28º, estando assim no mesmo signo do Sol, em um signo posterior ou anterior ao signo solar, e seu aspecto possível junto ao Sol é o de conjunção. Inevitavelmente o calor magnético do Sol transpassa a órbita de Mercúrio. A mente é um guia para os propósitos solares nas entidades humanas, e o que ocorre nos contemporâneos é uma supervalorização da mente em detrimento do Ser. Esses desequilíbrios das funções representadas por Mercúrio, trás diversas insatisfações, são o stress mental, as doenças mentais, a impaciência, a ansiedade, os preconceitos, os falsos juízos, os totalitarismos que não assumem a auteridade, e as inúmeras distorções que causam graves distúrbios na ordem dos dias.
Mercúrio é o planeta da lógica e do raciocínio, demora entre 88 dias para dar uma volta em torno do Sol. Está relacionado com os processos cerebrais que dizem respeito ao intelecto, a aprendizagem motora e a comunicação, mais intimo do lado esquerdo do cérebro, rege o sistema nervoso e a respiração. A meditação é a sabedoria de Mercúrio, quando se dispõe a praticá-la. É ágil, veloz, de temperamento instável, um legítimo filho dos ventos. Ou um mega processador de dados, o computador planetário. E como na analogia, ele é frio, tem informações, mas não tem sentimentos, necessita do calor do Sol para ser útil à humanidade, caso contrário pode vir a ser (ou já é) um tirano de sua própria personalidade.
As mais evidentes expressões de Mercúrio são a fala, a escrita, a comunicação corporal (dança, mímica, acrobacia) o labor artesanal, as atividades comerciais e toda a troca de conhecimentos que nossas mentes possam alcançar. Mercúrio relaciona-se com os cincos sentidos (fala, audição, tato, paladar, olfato) para poder decifra-los com sua mente lógica e formadora de conceitos. Sua função é tornar possível a interação entre homens, mulheres e o meio em que vivem. Mas falta-lhe compromisso, ética, moral e disciplina, por isso a exaltação de Mercúrio é um tanto nociva, é só observar nossa sociedade, e  a quantidade de informação, de dados, ou de qualquer outro acúmulo e que não tenha vazão intuitiva e que é utilizado como manobra mental pelas mídias. É o excesso digitalizado em movimento extraordinariamente rápido, num clik, em um chip. Vivemos em uma automação mercurial e temos no exemplo da mídia, que detêm e controla uma enorme quantidade de informações, já que o conhecimento é poder. E este poder,  em sua maioria é utilizada para manobrar a massa social, sua utilização não pressupõe ao bem social, mas à manipulação em proveito de um grupo minoritário que comanda os meios de comunicações e as mais diversas mídias. Assim tem o poder quase que ilimitado junto ao seu povo, vide política e economia, ambas trabalham de mãos dadas com a mídia. Se os indivíduos não colocarem o seu Mercúrio pessoal em prol de seus Sois, Júpiteres e Luas estarão sendo facilmente manipulados pela grande mídia (Urano e Saturno).
Na mitologia grega Hermes (Mercúrio) é o filho caçula de Zeus e da ninfa Maia, dotado de sagacidade e inteligências incríveis, logo após o nascimento, Hermes já sai aprontando com seu irmão Apolo, rouba seu rebanho sagrado, mas também produz um instrumento musical, a lira, com um casco de tartaruga. Descoberto seu roubo, Zeus o perdoou, e até achou graça de tamanha esperteza, afinal não passava de uma criança! E para ficar de bem com seu irmão-Sol, Hermes devolveu os bois sagrados de Apolo e o presenteou com a Lira. Mercúrio é também o protetor dos ladrões! Nesse mito percebemos a ligação especial entre Mercúrio (Hermes), Sol (Apolo) e Júpiter (Zeus), aqui se torna evidente que a mente deve estar a serviço de algo maior, de uma vontade superior (Sol/Júpiter). Dizem que: “Mercúrio é o servo de Júpiter”. E em astrologia Júpiter é a nossa vontade superior, a vontade de Deus em nós. Logo, a mente não é senhora de si, e quando damos ouvidos e corpo e alma a uma mente desregrada, tudo em nossa vida se transforma de acordo com ela. Pois Mercúrio também é o mago alquímico, tem asas nos pés para ir para onde quiser, e nas mãos carrega o caduceu, símbolo de cura que contém duas serpentes entrelaçadas, utilizada até hoje com essa significação.  Inclusive é um Deus mensageiro que pode ingressar no reino de Hades sem necessariamente morrer, aqui podemos perceber sua ligação com o signo de Gêmeos, que é regido por ele, Mercúrio. A dualidade está presente nesse arquétipo, ora no mundo da matéria, ora no mundo da mente, ora na Terra, ora no Inferno, sua função também é a busca pela unidade, que mais uma vez só será encontrada em seu Sol, por mais brilhante que seja a sua mente.
Mercúrio rege Gêmeos e Virgem, é de temperamento frio, seco e tem os dois sexos em si, é hermafrodita, diz-se que Hermes teve um breve romance com Afrodite e desse amor nasceu Hermafrodita, daí vem a mítica simbólica da “neutralidade” sexual de Mercúrio. Em Gêmeos, Mercúrio está em busca de conhecimento, seja qual for, para abastecer sua infinita curiosidade, para manter sua mente jovem com ares novos, assim como um Peter Pan, que não ousa envelhecer. Não precisa de praticidade, basta a realização mental, dá muita inteligência, esperteza, fácil comunicação e aprendizagem, sempre pronto para aprender algo novo, e comunicar e aprender... Já em Virgem, Mercúrio se torna mais prático, quer aprender para colocar em prática, se a ideia não tiver aplicação logo é descartada por algo que se possa aplicar, tem uma mente disciplinada e extremamente crítica, mas que possibilita excelentes resultados.
Para sabermos mais sobre nossa capacidade intelectual, mental, sobre nossa aprendizagem, e também sobre nossos preconceitos e estreitamento mental devemos olhar nosso Mercúrio pessoal, em que signo está, qual casa e aspectos que fazem com os outros planetas e para um maior esclarecimento deixo aqui de forma sucinta seu significado por signo:
Mercúrio em Áries – Mente rápida, apto a inícios e desafios, gosta de uma boa discussão em que possa defender seus pontos de vista, embora nem sempre esteja com a razão.
Mercúrio em Touro – Pensamento concreto, com base em sua realidade, pouco dado a devaneios e fantasias infundados, é uma mente prática.
Mercúrio em Gêmeos – Mente brincalhona, capaz de se satisfazer com sua própria capacidade mental, gosta da comunicação e aprender sempre mais.
Mercúrio em Câncer – Sensibilidade mental, pode ter dificuldade de pensamentos com objetivos claros, sem influencia sentimental. Mente que fantasia com facilidade.
Mercúrio em Leão – Mente criativa, raciocínio exuberante que pode chegar a megalomania.
Mercúrio em Virgem – Mente racional, pragmática, analítica e de cunho crítico.
Mercúrio em Libra – Inteligência estética, mente apurada para o belo e a harmonia. Pode ter hesitação ao ponderar demais em busca de um falso equilíbrio.
Mercúrio em Escorpião – Inteligência investigativa, pode chegar a ter uma mente manipuladora e de caráter desconfiado.
Mercúrio em Sagitário – Capacidade de ir além com uma mente que se inquieta com a banalidade do dia a dia, busca por algo mais. Pode perder-se nas metas da mente.
Mercúrio em Capricórnio – Pensamento sério e focado, mente laboriosa e concentrada. Pode ter rigidez mental.
Mercúrio em Aquário – Inteligência inventiva, genialidade ou excêntricismo.
Mercúrio em Peixes – Mente intuitiva, pouco lógica, pode ser musical, poética ou escapista.

E o seu Mercúrio pessoal serve ao seu desenvolvimento humano ou te tiraniza te colocando como massa em nossa sociedade? Quem pensa por você? Quais são seus conceitos, prisões ou liberdades mentais? Todos esses aspectos são da ordem de Mercúrio, e quais são os seus? 





terça-feira, 5 de setembro de 2017

Marte a força da vida

A energia vital necessária para manifestarmos nosso mapa natal, de forma ativa e concreta no mundo da matéria, está diretamente relacionada com o planeta Marte. Este planeta representa a capacidade de satisfazermos o ego, através de nossas ações no dia a dia, atividades simples como as fisiológicas, são realizadas pela força de Marte, outras mais elaboradas como ir à busca de um trabalho, ou praticar algum esporte, também são governadas pelo planeta vermelho.  Não é à toa que vemos uma estrela de cor avermelhada ao olharmos para um céu noturno, é, estamos olhando para Marte! Sua cor representa a energia vital, a paixão que nos tira do marasmo e o desejo de vitória para enfrentar os obstáculos da vida. 
Os antigos astrólogos em sua sabedoria e estudos atribuíram a regência de Marte para Áries e Escorpião, na via ariana, explode em iras e também em vitalidade, está pronto aos inícios e aos desafios, é um guerreiro ativo. Na perspectiva escorpiônica, há uma concentração de energia que pode ser desferida com profundo impacto violento, com crueldade vingativa e paixões intensas.
Marte é o arquétipo da virilidade masculina, do herói, do guerreiro, do jovem com seu vigor físico. É a necessidade energética para criar vida, quando na bíblia se lê “crescei e multiplicai-vos”, o livro esta falando da função sexual puramente reprodutiva, do instinto de sobrevivência de espécie, e aqui Marte é quem garante a multiplicação da vida, porém na bíblia não encontramos incentivo para as paixões carnais, e Marte é paixão avassaladora! Podemos pensar quando uma energia poderosa como a da paixão, é burlada pelas religiões ao nos querer colocá-la como pecaminosa ou de instintos baixos, afinal Eva e Lilith são “traídas” por suas paixões/curiosidades/sexualidades. Assim, tradições patriarcais tentam por séculos extirpar a energia masculina/marciana das mulheres, pretendendo ser inato ao sexo masculino os desejos carnais e, por conseguinte toda uma forma de agir assertivamente na vida diária. Ímpeto, coragem, desejos, libido, força física, vitalidade, força de vontade, conquistas e aventuras, foram forjadas socialmente para serem qualidades exclusivamente de homens, até na astrologia podemos identificar essa disparidade quando dizemos que no mapa de uma mulher Marte representa seu modelo de homem ideal. Mas, ao alargarmos a consciência e ao conseguirmos avanços políticos/culturais, muito em conta por inclinação e luta das mulheres /feminismo, o sufrágio universal e o advento da pílula nos servem como exemplos. O feminismo toca justamente em pontos que pretendam sair do preconceito da mulher enquanto despossuidora da capacidade de conquistas por elas mesmas, e de igualdade social. Marte é sim um arquétipo do masculino, mas enquanto energia é o yang, e está disponível para todas, aliás, a polaridade Marte e Vênus, não nos falam do homem ou da mulher enquanto pessoas, mas de forças cósmicas que são recebidas por nós enquanto humanidade para nosso desenvolvimento enquanto espécie, mas antes precisamos usar tais energias planetárias individualmente, com equanimidade. A força marciana que proporciona o “ir em busca dos sonhos” é disponível em potencia para homens e mulheres, cis ou trans.
A cultura do estupro, por exemplo, é produto do patriarcado, aqui podemos ver Marte totalmente distorcido pela violência, dominação e poder, ao violar um corpo através do estupro, supostamente fraco e inferior em seu desejo(Marte) e vontade(Marte). O homem como produto de toda uma indústria capitalística patriarcal, se coloca como algoz sexual de mulheres, negando às mulheres de exercerem sua liberdade sexual, sua energia vital, o que também ocorre quando grupos humanos tem a tradição de retirar o clitóris das mulheres, agem no centro de energia, pois é mais fácil dominarem corpos “docilizados”, sem tesão. Michel de Foucault analisa em profusão a relação da sexualidade com a sociedade capitalista e sua ascensão, para ele, há dispositivos de poder que regulam os corpos através da Igreja, com o domínio dos pecados e do Estado com a invenção da ciência que normaliza e cura. Ao instituírem/normalizarem o que é saudável ou doente, qual a conduta moral que não adere aos pecados carnais estão entrando nos corpos com amarras para tornar as pessoas dependentes e fragmentadas em suas vontades instintivas e seus desejos. Indo um pouco além, verificamos pessoas que precisam tomar suas doses diárias de Marte (vontade de ação) em forma de pílulas, remédios para tirar da apatia, da depressão. O que era pra ser gerado e usado de forma construtiva pode ficar retido, atrofiado, confinado nos confins de uma mente, de um corpo que se vê preso pelas amarras invisíveis da cultura de seu tempo.
Na corrida pela competência, na pressa ansiosa, na luta diária para correr atrás do pão, entre tanto que tem por fazer, que assumir uma sexualidade ou gênero fora dos padrões da normalidade geralmente coloca pessoas em grupos de riscos, é só ver as estatísticas de feminicídio, estupros, violências contra mulheres cis, trans, contra gays, lésbicas. Essa violência aparentemente se legitima na superioridade do macho, oposto da mulher, e não alterável, uma forja em ferro, mas falso, porém ainda mata, e até quando?
Houve uma inversão de valores marcianos no correr dos tempos, pois com a dominação do patriarcado, Marte passou a não mais amar a Vênus e sim a querer ter sua posse através de seu corpo, ao homem ficou definido o papel do herói que vai à luta e tem como amante a mulher que quiser, já a parte de Vênus que ama em profusão e encantos sedutores que não são reservados ao matrimônio, ficou relegada como prostituta ou como amante em sentido imoral, que vai às margens do que seria visto como aceitável socialmente.
Na mitologia romana Marte é o deus da guerra violenta, sangrenta, ele está constantemente guerreando com sua irmã Minerva, deusa da guerra estratégica. Marte é vencido por Minerva constantemente, nem toda sua disposição à violência garantem seu sucesso. Marte é dotado de coragem e força física, apaixona-se por Vênus e os dois tornam-se amantes, pois Vênus é casada com Vulcano, irmão de Marte. Se nota, que a energia marciana é recebida por Vênus com mais suavidade, Marte não pretende possuí-la, ou dominá-la, ele a protege, e ama sensualmente, juntos geraram Cupido, deus do amor.
O capitalismo arrasta a energia marciana para a satisfação cruel, desde o incentivo a uma individualidade altamente competitiva, geradora de estresse, acidentes, violências, crimes e guerras. No mapa pessoal, Marte pode ser nosso pior inimigo ou guerreiro protetor, isto vai depender do caráter da personalidade, o quanto o ego está ligado ao super ego e aos desejos egoístas ou altruístas, se sua ação ou inação é por medo ou coragem.
Você já se perguntou, “com qual intenção eu uso minha força motriz de vida?” “Sou levado cegamente por desejos de vitória, de reconhecimento e dominação?” “Não saio do lugar por falta de força de vontade de iniciar meus projetos?” “Se quero uso da raiva, da violência física para conseguir meus objetivos?” “Procrastino ao máximo meus projetos?” “Sei direcionar minha energia vital, para ter saúde e disponibilidade para realizar meus objetivos?” “Uso minhas paixões para impulsionar minha existência?” Etc, etc, etc... São questionamentos pertinentes ao nosso lugar ao sol, dentro da realidade pessoal de cada um e em relação ao meio social.
Para sintonizar com nosso Marte pessoal, verificamos na mandala astral em que signo ele está, para nos mostrar com que cara ele vai atrás de suas conquistas, por exemplo, quando está em Câncer, a potencia marciana se revelará com muito sentimentalismo, sua ação estará relaciona aos humores, pode reter a raiva para depois estourar em fortes chantagens emocionais, ou apatias que chegam a beirar a depressão, mas também pode ser criativo e energético ao se decidir em cuidar, em nutrir, em lançar suas emotividades em trabalhos que requeiram essas qualidades. Já um Marte em Virgem, ira agir minuciosamente, será mais contido na expressão das paixões, tendendo a racionalização excessiva. Nas casas astrais em que encontrarmos Marte, sentiremos maior necessidade de ação, assertividade, de conquistas, de nos lançarmos aos caminhos heroicos da aventura. Na casa 1, Marte está voltado para si mesmo, para as conquistas pessoais que integram sua personalidade. Na casa 10,Marte agirá para ser reconhecido socialmente, ira lutar com unhas e dentes para ter sucesso na vida pública. Já na casa 12, poderá ter dificuldade de se autoafirmar, de saber o que quer e quando sabe o medo de ir à luta pode impeli-lo à procrastinação ou apatia. Na casa 6, o estímulo da ação se dá através do trabalho, do cuidado com a saúde, podendo gerar um workaholic . Marte irá se manifestar também por meio dos aspectos que faz com outros planetas e ângulos do mapa, e toda essa rede que contém Marte está nos apontando para nossa tomada de atitude na vida, sobre nossa capacidade de agir/reagir diante da realidade pessoal e interpessoal de cada um. Saímos do lugar quando damos o primeiro passo, alguém já disse, e por onde teus passos te levam diz muito do Marte que há em você, pergunto: ele te satisfaz? 

Vênus desarma Marte, pintura do século XIX, Jacquer-Louis David

domingo, 30 de julho de 2017

O mapa astral: entre a liberdade e o destino

O mapa astral pode ser lido como uma escrita do destino, nossa predestinação em vida, é como uma bússola celeste que pode nos guiar enquanto seguimos nosso caminho. Não à toa o mapa é dividido em ângulos, seus pontos cardeais são o Ascendente (AC), Fundo do Céu (IC), Descendente (DC) e Meio do Céu (MC), os signos cardinais são análogos a esses ângulos, Áries (AC), Câncer (IC), Libra (DC) e Capricórnio (MC). Nascemos no AC, somos recebidos por um/uma cuidadora/cuidador/família no IC, encontramos nossos parceiros e também nossos inimigos no DC e somos reconhecidos socialmente no MC. A dinâmica entre esses pontos revela nossa ação no mundo, verificar quais aspectos com os planetas nos mostra os desafios e facilidades que temos durante nossa existência.
Em posse de nosso livre arbítrio podemos escolher como percorreremos nosso mapa natal, se vamos ao seu encontro, se negamos ou ignoramos, fato é que o destino se concretiza, pois a morte é certeira. A astróloga Liz Greene no seu livro “A Astrologia do Destino”, trabalha em profundidade esse tema. Ela trás o mito das Moiras para embasar sua tese, entre outros estudos. Carl Gustav Jung também se aproxima do destino ao conceituar a sincronicidade. Para ele os eventos acontecem em sincronia com a necessidade do Self.
Agora vejamos a mitologia das Moiras que são três deusas irmãs, filhas de Nix (Noite), elas atuam nos destinos dando e retirando a vida de homens e deuses, são elas, Cloto a fiandeira que tece o fio da vida, está ligada ao nascimento. Láquesis é quem desenvolve o tear da vida, tecendo seus fios mostra os benefícios e dificuldades que cada um tem que passar em vida e por último, Átropos que é quem corta o fio da vida, levando seu portador à morte. Elas são deusas que também se relacionam com a Lua e com o feminino ancestral, tem aproximação com Ártemis e Hécate, ambas deusas lunares. Nem os deuses mais solares e ativos ou soturnos tem domínio sobre as Moiras. O princípio masculino se curva diante do feminino, ou a vida se curva na morte. Astrologicamente a vida começa em Áries signo masculino e acaba em Peixes signo feminino, outro signo relacionado a exuberância de viver é Leão que é masculino e outro relacionado ao fim dos ciclos e com a morte é Escorpião, signo feminino.
Mesmo antes do nascimento já estamos recebendo influências astrais. Na Astrologia a Lua também atua na gestação, o bebê em formação recebe de sua mãe a nutrição (Lua) necessária para o nascimento, essa nutrição ou falta dela, regerá o emocional dessa pessoa por toda a vida, tendo ela consciência ou não. Isso fica mais explícito ao analisarmos o Fundo do Céu, pois ali contém a noção de pertencimento, de raízes, da ancestralidade, é o lar que nos recebe em vida, e sendo assim, mostra como tendemos a formar nossas relações familiares.
O mapa astral é como uma performance pessoal, cada entidade humana fará uso único do seu mapa. Toda mandala astrológica contém os doze signos, os ângulos, casas e planetas, mas suas dinâmicas variam de pessoa para pessoa, mesmo em irmãos gêmeos, a força de destino é diferente, pois para além do mapa natal, há a consciência e o livre arbítrio que possibilitam as mais diferentes expressões de vidas. A semiótica pode ser usada para entendermos melhor esses aspectos, uma vez que o signo enquanto significado e símbolo são diferentes em relação ao que pertencem e nesse caso ao mapa astral. A pessoa “dona” do mapa tem diante de si uma linguagem simbólica, produzida culturalmente, pois a Astrologia é um produto humano, e difere no seu processo histórico. Sua simbologia atua desde o consciente ao inconsciente, pois é atravessada por mitos primais da existência humana na Terra, no entanto cada um de nós é livre para atuar dentro dos parâmetros de um mapa astral, isso quer dizer que podemos ir ao seu encontro, ou ao encontro de nosso destino.
Ao nos encontrarmos com nosso mapa ou destino, produzimos significados para nossa estadia na Terra, isso nos dá responsabilidade ao assumirmos ou negarmos quem somos. O mapa astral assim como o destino só é fatídico no que se refere a nascer e morrer, o caminho entre esses dois pontos é onde vivenciamos a liberdade, e é aqui que construímos nossa história pessoal. Astrologicamente falando os aspectos planetários nos indicam um caminho que pode ou não ser percorrido. Podemos usar nosso mapa para nos autojustificarmos diante de nossas responsabilidades ou também para nos autodesenvolvermos com responsabilidade diante do que nos é mostrado pelos astros, como sempre a escolha é pessoal. E você já fez a sua escolha? 


sexta-feira, 14 de julho de 2017

Minguando...

Quando a Lua míngua, as emoções afundam no coração, a alma sente a vida no escuro e vazio de si mesma. Lua em Peixes, onde começa eu e terminam vocês?


quarta-feira, 5 de julho de 2017

O feminino ancestral e a Lua astrológica

Nascemos e em algum momento morreremos, existimos em uma vida cíclica que no percurso entre nascer e morrer, é carregada de emoções, impulsionada por necessidades e temperada por humores, astrologicamente representada pela Lua.
Desde que o homem e a mulher habitam a Terra, a Lua tem sido seu referencial, eles contavam o tempo através das fases lunares. A agricultura tem seu desenvolvimento baseado na rotação lunar. Deméter deusa grega relacionada com a Lua é da natureza, criou as estações do ano, e é geradora da abundância e fertilidade por toda a Terra.  A Lua e suas fases podem ser uma metáfora para a vida e seus ciclos, desde o nascimento à morte. Lua nova, nascimento, Lua crescente, tempo de desenvolvimento, de florescer, Lua cheia é a plenitude do que nasceu na Lua nova e se desenvolveu na Lua crescente, e que após esse ciclo cairá em decadência no céu de uma Lua minguante, até morrer e nascer em uma nova Lua.
Em algumas culturas matriarcais, o ciclo menstrual da mulher estava sintonizado com as Luas. Na Lua nova a mulher menstruava e seu sangue voltava a terra para fertiliza-la. Na Lua crescente os óvulos começavam a se desenvolver e na Lua cheia estavam prontos para receber os espermatozoides e dar início a uma nova vida. Não havendo a fecundação iniciava-se o processo minguante até a expulsão dos óvulos que de agora em diante buscariam outro caminho, pelo sangue menstrual de mais uma Lua nova.
A Lua astrológica é atemporal, pois trás consigo uma herança emocional que vem desde o útero da mãe ou de antes, de outras vidas. O útero de uma mãe carrega em si as emoções primitivas do útero da avó, da bisavó, da tataravó e de toda ancestralidade feminina de uma mesma árvore genealógica direta.  Ela é um complexo fator energético que afeta nossas escolhas mais íntimas, pois atua no reino das emoções. Aqui as necessidades devem ser atendidas, por mais desconfortável emocionalmente que possamos nos sentir.
 A variação de humores é um sintoma lunar. Ser de Lua! Lunático! Viver no mundo da Lua! A Lua emana no astral, pode causar ilusões e no mapa pessoal devemos ver as configurações que a Lua faz com Sol e Ascendente e outros planetas, qual casa ocupa e em qual signo está, para ter um maior conhecimento de nosso mundo interior.
A Lua mitológica está associada à Grande Deusa, a Gaia, a Nyx, as Moiras, a Hécate, a Deméter, a Ísis, a Isthar essas são Deusas da Terra, da noite, tecedoras dos destinos. Possuem uma sexualidade ligada a terra, a fertilidade, instintivo interesse sexual, que busca a perpetuação da espécie, os encantos românticos e sedutores são refinamentos da sexualidade e que astrologicamente estão sob os domínios de Vênus.
A Lua é a morada da memória, produtora das lembranças, é como nos enxergamos em relação ao nosso Sol, é a capacidade de nos auto-observar. Muitas vezes a Lua pode produzir manias, hábitos, costumes o que em escala social produz as culturas e tradições. A Lua reflete a luz solar, simbolicamente, ela está aberta para o Sol, doa-se. O Sol é o nosso “Eu”, e através da Lua podemos sentir quem somos, podemos nos entender, nos aceitar. O astrólogo Martin Schulman nos diz que “para que o homem seja ele mesmo através do seu Sol, ele precisa ser capaz de ver a si mesmo através de sua Lua. Mas não deve confundir ver com ser”. Acontece que muitas vezes utilizamos o foco lunar como se a Lua fosse nosso “Eu”, ao invés da reflexão partimos irrefletidamente à reação. Tornamos-nos reativos, melindrosos, excessivamente emocionais quando a nossa Lua pessoal está desequilibrada. A segurança e inteligência emocional proporcionam bem estar e saúde, com a Lua integrada na psique humana podemos ter mais prazer em viver. E o prazer lunar é duradouro, pois vem das entranhas desde o útero de nossas mães, desde o ato sexual ligado à manutenção da espécie, assim carregamos junto a nós toda a força anímica que gera vida.
A Lua é a nutrição, o cuidado, o alento e para estarmos bem precisamos nos cuidar, a mãe é apenas um símbolo lunar, e no íntimo de nós mesmas devemos ser capazes de despertar a imagem interna de nossa Mãe Lua, e deixarmos de buscar no externo nossa proteção necessária para viver. Podemos nos perguntar, o que estamos fazendo com nossa Lua? Estou cuidando de mim? Eu reajo ou reflito aos acontecimentos que me chegam? Sou carinhosa comigo mesma? Consigo sentir afeto por quem eu sou? Essas são questões de Lua e qual a necessidade de sua Lua?

Lua em Áries necessita de ação!
Lua em Touro necessita de proteção!
Lua em Gêmeos necessita de comunicação!                                                                           
Lua em Câncer necessita de afeto!
Lua em Leão necessita de atenção!
Lua em Virgem necessita de organização!
Lua em Libra necessita de refinamento!
Lua em Escorpião necessita de intimidade!
Lua em Sagitário necessita de desafios!
Lua em Capricórnio necessita de segurança!
Lua em Aquário necessita de inovação!
Lua em Peixes necessita de desapego!




segunda-feira, 26 de junho de 2017

Signos: temperamento dos ciclos humanos

A composição astral do mapa pessoal que nos permite ter uma performance própria para nossos mitos pessoais é a simbologia arquetípica das energias planetárias, das constelações que originaram os signos e suas qualidades relacionadas com os elementos da natureza.
O fogo, a terra, a água e o ar são as forças da natureza presentes nos signos e em nós, esses elementos dão as diretrizes de todo o funcionamento da nossa existência. Aprendemos com os estudos astrológicos que o fogo é quente e seco, está relacionado com a bílis amarela do nosso corpo e é de temperamento colérico. Áries, Leão e Sagitário são os signos da tríade de fogo. Já a terra é fria e seca, no corpo está relacionada com a bílis negra, possui temperamento melancólico. Os signos de terra são Touro, Virgem e Capricórnio. A água é úmida e fria, a fleuma está relacionada com a água e seu temperamento é fleumático. Câncer, Escorpião e Peixes são signos de água. O elemento ar é quente e úmido, de temperamento sanguíneo, o sangue é a sua representação corporal. Na tríade do ar encontramos os signos de Gêmeos, Libra e Aquário.
O zodíaco inicia  com o signo de Áries de fogo e sua ação é cardinal, tem a força dos inícios. Na sequência é seguida por Touro de terra com sua ação fixa, a força da duração no tempo. Em seguida surge Gêmeos de ar com a ação mutável, a força da transformação, do caos em movimento para logo em seguida dar início em outra manifestação dos inícios em Câncer de água, signo cardinal, e assim por toda roda zodiacal.
Os signos que também são espaços energéticos de 30º dentro da esfera celeste que ao todo é de 360º, se agrupam em ângulos retos formando tríades que correspondem ao desenvolvimento humano, vejamos: Áries de fogo cardinal, Touro de terra fixo e Gêmeos do ar mutável simbolizam a primeira infância. No início é o  nascimento do bebê (Áries/fogo/cardinal), o parto, os instintos, o choro desesperado pela vida, pelo leite materno. No inconsciente coletivo vem à ideia preconceituosa de que os arianos são egoístas, e muitos ainda acreditam que não se deve atender ao choro do neném (?). Sim, Arianos são como os bebês recém-nascidos que precisam do que querem no ato, é questão de sobrevivência e o desespero nada mais é se não pelo leite materno, a questão é ter maturidade para não cair nas armadilhas do ego e achar que tudo que lhe é negado ou demorado seja realmente o seu leite materno, ou seja, aquilo de que realmente necessita. Claro que a aprendizagem de Áries passa pelo caminho da paciência, afinal, culturalmente é sabido que o bebê teve que esperar chorando pelo seu alimento. Em Touro o bebê já é maior tem meses ou um aninho de vida e já sabe muito bem o que precisa pra se manter vivo (Touro/terra/fixo). Nessa fase o bebê de Touro só vai abrir o berreiro se sentir que suas necessidades não serão atendidas, assim como o bebê que espera pela sua mãe, mas quando percebe que ela não vem para alimentá-lo ou acalentá-lo, chora ferozmente. O signo de Touro tem estabilidade emocional, produzida pela paciência de quem sabe esperar, pois na hora certa tem o carinho e o leite de sua mãe. Taurinos são estáveis, confiáveis e afetuosos e quando negativados tem tendência à lentidão que pode se transformar em preguiça. Chegando à fase de Gêmeos encontramos uma criança curiosa, entre seus 3 a 7 anos, que quer descobrir o mundo a sua volta, aqui começa a interação consciente com vizinhos, irmãos e tudo o que cerca a criança (Gêmeos/ar/mutável). O arquétipo de Gêmeos traz a característica da curiosidade e da alegria da criança. Geminianos tendem a serem versáteis, rápidos e criativos, quando em desequilíbrio podem ser dispersos, e gastar muita energia sem o devido aproveitamento.
A tríade seguinte é composta por Câncer de água, Leão de fogo e Virgem de terra, aqui o ser humano chega à adolescência e ao início da idade adulta. Em Câncer emerge o adolescente, entre 12 a 17 anos, com todos seus dramas emocionais (Câncer/água/cardinal) – perceba que é a primeira vez que aparece o elemento água, após a infância as emoções são muitas vezes vividas em tons dramáticos, reparem que crianças quase não fazem dramas – cancerianos tendem a serem emocionais, românticos, podem ter tendências à chantagem emocional quando estão sob o domínio do ego. Em Leão temos o jovem adulto, de 18 a 25 anos, todo orgulhoso de si, no auge da juventude (Leão/fogo/fixo) e da potência física. O arquétipo de Leão leva junto de si a impetuosidade, a coragem e a generosidade, também a arrogância e o orgulho excessivo, ambas as características podem ser vividas por seus nativos. Chegando a Virgem o adulto de 28, 35 anos encontra-se com suas responsabilidades que devem ser atendidas sem questionamentos, o que tem que ser feito tem que ser feito e ponto. Virginianos podem ser eficientes e práticos (Virgem/terra/mutável), na via negativa podem exagerar na crítica.
A próxima etapa do desenvolvimento humano arquetípico na linguagem dos signos vai ao encontro de Libra de ar, Escorpião de água e Sagitário de fogo, nessa fase a consciência sai de si mesmo para entrar no jogo social. Em Libra as relações sociais (Libra/ar/cardinal) ganham destaque, importância e manutenção de equilíbrio da relação do eu individual e de nós das relações que mantemos. Aqui nos encontramos com nossos companheiros, esposas, amantes, sócios e outros parceiros íntimos. Librianos são relacionados ao equilíbrio e harmonia, e quando não estão bem podem ser inconstantes. Aqui podemos falar da idade de 40 a 52 anos, o início da maturidade. Escorpião é o encontro com a intimidade do casal, com os segredos dos sócios ou da família, trás à tona o que está oculto e na luz da consciência faz transformações profundas (Escorpião/água/fixo) análogas com a morte. Escorpianos são intensos e quando dominados pelo ego podem ser cruéis. Essa etapa pode ser entre 55 aos 62 anos. Quando estamos em Sagitário é o tempo da expansão (Sagitário/fogo/mutável), da conexão com a mente superior ou com a espiritualidade ou ainda com uma intelectualidade mais profunda, que estuda e investiga. Sagitarianos são sábios, mas podem passar dos limites do bom senso, pois sabem que sabem, e aí já viu!
 Para concluir a etapa humana temos Capricórnio de terra, Aquário de ar e Peixes de água, aqui o ser humano colhe o que plantou, por assim dizer até o momento da morte, que inclusive é a planta da vida! Em Capricórnio o homem chega no ápice da sua responsabilidade social (Capricórnio/terra/cardinal), pois há essa altura da vida entre os seus 68 a 75 anos, só terá o respaldo social que merece caso tenha trabalhado com afinco e determinação, sem esmorecer. Cumprindo seu papel social. Capricornianos podem ser determinados, ambiciosos, realistas e ao serem subjulgados pelo ego são gananciosos e frios. Aquário nos trás a renovação dos propósitos humanos, colocando sua experiência de vida para o melhoramento das futuras gerações. Aquário é o futuro (Aquário/ar/fixo) que um dia vai chegar e o quanto mais preparados estivermos melhor, é a fase entre os 78 a 82 anos, e caso não façamos o melhor, essa fase pode ser bem difícil devido a toda debilidade da ação do tempo. A simbologia de Aquário é a inovação, a saúde holística, as energias mentais e na via negativa a impessoalidade que fere. Ao chegarmos a Peixes estamos nos encontrando no final da vida terrestre, atravessamos os portais da morte e aguardamos no além até retornamos à matéria em Áries. Aqui estamos na idade de 85 anos em diante. Não à toa piscianos são imaginativos, sonhadores e escapistas.

Os elementos da natureza, os astros, signos e toda sabedoria celeste, astral e universal, estão metaforicamente ilustrados na nossa vida, a roda zodiacal é a metáfora para a própria vida. Que o conhecimento astrológico nos proporcione uma vida com mais integração e fluidez de energias, pois isso é sinônimo de saúde. Por uma vida plena e saudável! 





segunda-feira, 19 de junho de 2017

Sol em Gêmeos e suas Vênus

A Astrologia é uma linguagem milenar, e através dela podemos ler os símbolos celestes que se apresentam no mapa astral. Mitos arquetípicos dão vida aos planetas e aos signos e estes imprimem suas características em nós. O mês solar geminiano está chegando ao fim e me veio uma reflexão, como geminiana que soul! Como seres tão racionais, mentais e inteligentes vivenciam a sua vida amorosa? Para isso vamos analisar o posicionamento do Sol em relação à Vênus. As opções para um Sol geminiano são de Vênus em Áries, Touro, Gêmeos, Câncer e Leão.  As energias dos arquétipos que envolvem esses signos influenciam o Sol em Gêmeos e sua relação com amor, valores e desejos, o ar elemento natural de Gêmeos é contrabalanceado pelas águas de Câncer, pela terra de Touro, pelo fogo de Áries e Leão e pelo próprio ar geminiano. A ênfase em fogo talvez queira nos falar da necessidade de aflorar as emoções mais ardentes, como a paixão, que para um ser do ar pode parecer um tanto instintivo demais para sua frieza intelectual. Por exemplo, em um Sol em Escorpião as possibilidades de Vênus são Virgem (terra), Libra (ar), Escorpião (água), Sagitário (fogo) e Capricórnio (terra), temos então a terra em maior destaque, será que escorpianos devem viver o amor com maior praticidade e foco na realidade material? Sinto que sim, pois a intensidade escorpiana pode levar por sendas que beiram a paranoia, mas isso é assunto para outro momento.
Voltemos a Gêmeos e suas Vênus. Além dos signos e seus elementos temos em sua influência os planetas que os regem, Marte (Áries), Mercúrio (Gêmeos), Vênus (Touro), Lua (Câncer), Sol (Leão) essas energias planetárias nos falam do calor e paixões solares, vai até a agressividade e impulsos marcianos, a curiosidade e razão lógica de Mercúrio, encontra a sensualidade e o erotismo de Vênus e emociona-se e sensibiliza-se com os humores lunares. O arquétipo de Gêmeos carrega em si essas simbologias seculares, essas características muitas vezes se encontram escondias na sombra solar, pois a razão geminiana por momentos não aceita suas idealizações e desejos de amores e valores à luz de sua consciência.
A relação entre o eu solar e os quereres venusianos não raro precisam de um sacrifício para ajustar as energias de vida, porque muitas vezes temos conflitos internos que entram em contradição com nossos desejos pessoais e nossos valores, o que somos está em sintonia com o que desejamos? O eu solar pode se ressentir se não desfrutarmos da nossa Vênus em plenitude, e a Vênus pessoal não irradia seu poder de satisfação ao ter o Sol submetido ao ego sem atentar aos desejos e prazeres. Há uma busca pela justa medida entre o Ser e o Ter. Ser pleno de si para Ter as necessidades de amor e de valoração pessoais atendidas.
Os mitos solares nos falam do herói que é destemido e que vai a busca de sua verdade, seja na caça a algum tesouro, na busca da salvação, no enfrentamento dos desafios que envolvem monstros, e fortes inimigos que nos ensinam à superação ao eu inferior em sua jornada. Já a mitologia venusiana esta repleta de dramas amorosos, de ardis sutis, de sedução, encantamento, magia, nos mostra a beleza de existir e como resistir aos seus encantos? E pra quê resistir?
Quem sacrificará algo por sua satisfação profunda e íntima? O sacrifício para Joseph Campbell era um símbolo do próprio Deus, porque nos primórdios os sacrifícios eram oferecidos ao Deus Fogo! Quando uma pessoa devotada lançava seu elemento de sacrifício ao fogo a união dos elementos era realizada através da combustão, a chama calorosa consome o elemento sacrifical em si mesma. O fogo, o Sol e o próprio Deus, são ofertadores e promotores da vida, de seus ciclos e do fim aparente da matéria. Muitas vezes essa parte vital em nós entra no processo do sacrifício, e os quereres venusianos tem oportunidade de manifestar novos valores, decorrentes de antigos apegos, aos quais no altar solar serão sacrificados em benefício de novas oportunidades de experiências mais adequadas ao tempo presente e de manifestação solar integrada, um Sol integrado é o próprio Deus/Deusa manifestado em si. Nessa integração a negatividade de Vênus/Sol que podemos entender como ciúmes, satisfação desregrada de prazeres egóicos, busca desenfreada pela satisfação material relacionada com as posses e o dinheiro, a gula, a preguiça, a avareza e etc, podem ser transcendidas desde que nos coloquemos em sintonia com nosso coração e centro de satisfação interior, se não causar danos nem a nós e nem aos outros, nossos prazeres podem e devem ser atendidos, a satisfação é uma sensação alcançada nesse caso, e quem não quer estar satisfeito com quem se é e o que se quer? Campbell diz “o sacrifício é o segredo do universo”.
Vejamos agora como um Sol em Gêmeos se expressa nas questões de Vênus por signo:
Sol em Gêmeos com Vênus em Áries: O ser pensante que ama e quer de forma intensa e arrebatadora. Vai com tudo para cima do que quer, sacrificando o bom senso.
Sol em Gêmeos e Vênus em Touro: O ser racional que ama de forma sensual, tem ciúmes e sentimento de posse. Sacrifica a liberdade pessoal em prol do amor carnal.
Sol em Gêmeos e Vênus em Gêmeos: O ser criativo que ama de forma idealizada, racionalizada e mental. Sacrifica a mente lógico/racional por uma mente criativa/livre.
Sol em Gêmeos e Vênus em Câncer: O ser inteligente que ama de forma devotada, acolhedora e emocional. Sacrifica a frieza impessoal pelo calor do afeto.
Sol em Gêmeos e Vênus em Leão: O ser comunicativo que é apaixonado pelo amor e vivencia dramas amorosos. Sacrifica a superficialidade emocional pelo aprofundamento da entrega apaixonada.
Aparentemente Gêmeos é frio e insensível, mas em suas profundezas o que não falta é intensidade amorosa e entrega afetiva, o sacrifício é por amor. E vale salientar que aqui o sacrifício não tem nada a ver com a imagem distorcida de sofrimento e negação de si, muito pelo contrário é o deixar ir o que não serve mais, entregando ao fogo pessoal as coisas que precisam ser transformadas para construir novos espaços para novas experiências e desejos. Apegados aos velhos desejos e a forma antiga de nos colocarmos na vida, dificulta sermos plenos e felizes. O Sol é brilho vital do fogo sacrifical e Vênus é luz amorosa para acalentar nossa breve existência terrestre. O que somos e o que amamos? Você pode identificar?





segunda-feira, 12 de junho de 2017

O presente e o ascendente

O ascendente é a porta de entrada de nosso mapa, ao passarmos por ele damos início à nossa vida. O manifestamos em nosso corpo através de nossa aparência física e traços de caráter, são as cores que colorem nosso ego, e que resulta em nossa personalidade, é um filtro entre todo o mapa astral e nossa expressão pessoal. O ascendente é a cúspide da primeira casa, da mandala astrológica, o início, ponto de partida e que trará suas vibrações para todo restante do mapa. A personalidade, através do ascendente vivencia o potencial do mapa, a relação entre os aspectos planetários e dos nodos lunares na interação com o exterior a si, expressando-se, selecionando, filtrando, ancorando a alma no corpo ao ficarmos envolvidos com o presente, evitando perder o propósito da vida. O ascendente segundo o astrólogo Martin Schulmann “é a expressão da realidade de cada pessoa”.
As manifestações do ascendente são executadas pela personalidade desde o nascimento, pois ele funciona como um veículo a transmitir ao mundo as potencialidades ou não de nosso mapa pessoal. É a consciência viva astral do ascendente que filtra o que entra e sai de nossas vidas, por essa porta podemos vivenciar nosso mapa sem tanto apego aos mitos pessoais, com sua luz as sombras tendem a se dissipar com mais tranquilidade. O ascendente vai abrindo os caminhos para a manifestação do Sol. Constrói uma trajetória que na melhor forma permite ao Sol ser Sol. Estar sintonizado com o ascendente é estar sintonizado com o presente, com a respiração, é trocar com o entorno, dar e receber sem se perder nas encostas de uma Lua emocionada ou de uma Vênus enciumada. É parar antes do ataque marciano por pura cólera para despejar raiva.
O senso de identidade é reforçado pelo ascendente, é nosso jeito pessoal de encararmos e irmos de encontro ao externo, aos encontros e desafios do dia a dia. Ao nos colocarmos aqui na Terra somos também um presente, em tempo real e em talentos, e o ascendente é esse presente, assim ao manifestarmos plenamente um ascendente, tendemos a expressar harmoniosamente nossos aspectos mais difíceis do mapa como os mais fáceis, o que acontece é que viver a partir do ascendente nos permite ter perspectivas mais amplas, maior alcance real do que nos ocorre na vida, das nossas chances e desafios e como um presente nos dá oportunidade de expressão de nossos dons de forma única.
Você já se perguntou  se tem um propósito de vida? Ao observarmos o nosso ascendente e suas relações no mapa astral, temos como identificar o propósito e aprender a melhor expressá-lo, pois o ascendente é nossa meta interior de vida, anseio de alma expressado em um corpo, explicado de  forma simples, por já estarmos vivos em um corpo, nosso propósito já esta sendo manifestado, que é a nossa vida terrestre. O ascendente também é o nosso caminho para esta vida, é a meta e o caminho, é até aonde queremos ir e como poderemos chegar, para isso expressamos as qualidades do signo ascendente.
No caminho do ascendente nos tornamos mais conscientes, autênticos e livres para nos colocarmos junto ao mundo e com ele interagir, aprender, trocar, ensinar, evoluir, e cada signo colocado neste ponto apresenta suas qualidades, obervemos algumas:
Ascendente em Áries vai ao mundo com energia e determinação, sem querer perder tempo com detalhes ou com os outros. Tem ímpeto.
Ascendente em Touro emprega paciência, ponderação em sua rota, faz as escolhas pessoais em vista da segurança e de seu conforto. Tem confiabilidade.
Ascendente em Gêmeos estabelece ligações em rede de pessoas e grupos, comunica, aprende, troca, está em movimento. Tem dinamismo
Ascendente em Câncer nutre relações afetuosas, que tece com cuidado e atenção. Tem empatia.
Ascendente em Leão se posiciona no entorno com dignidade, age com generosidade. Tem dignidade.
Ascendente em Virgem manifesta-se de modo disciplinado, organizado, no caos é a ordem. Tem diligencia.
Ascendente em Libra preserva a harmonia, tem charme para se posicionar e estabelecer relações sociais agradáveis. Tem refinamento.
Ascendente em Escorpião possui temperamento extremista nas trocas sentimentais relacionais, intensidade ou frieza nos afetos. Tem resiliência.
Ascendente em Sagitário vai com entusiasmo ao encontro exterior, relaciona sua verdade com seu meio. Tem coragem.
Ascendente em Capricórnio estrutura as relações com seriedade, cumprindo seu papel dentro do meio. Tem responsabilidade.
Ascendente em Aquário perpassa a igualdade das relações originais, da inovação de seus feitos e afetos. Tem originalidade.
Ascendente em Peixes vivencia encontros emocionais de profundidade com seu entorno, entoa experiências e sensações inspiradas. Tem compaixão.
O ascendente se eleva no céu no momento do nascimento e muda de signo de duas em duas horas e assim todos os signos imprimem suas qualidades no céu no espaço do dia solar, nós como receptores dessas energias podemos como agradecimento ao presente manifestá-las com a autenticidade, talento e verdade interior que não se submete à massificação dos nossos tempos. Ser o presente estando presente.

Imagem: Autor desconhecido


domingo, 4 de junho de 2017

Saturno tem seu preço!

A noção de eu individualizado é uma demanda existencial que emerge no Renascimento entre os séculos XIV e XVII, e que vai ganhando maior expressividade nos séculos seguintes, com o Iluminismo (séc. XVIII – XIX) e chegando aos nossos dias (séc. XX – XXI) com grande impacto social. As necessidades dos governos e toda organização estatal e privada se alimentam das individualidades que no conjunto formam as massas. O nascimento, a aprendizagem, a segurança pública, o sistema de saúde, transporte, alimentação, e etc, são ocupações de grandes corporações, ora públicas, ora privadas.  O sociólogo Norbert Elias pontua a antítese entre a individualidade e o social, falando do abismo que separa um do outro, apesar de serem os mesmos elementos, ambos são pessoas, singular e plural, mas a diferença é a ordem dos agrupamentos e os interesses,  ele lembra dos conceitos da Gestalt que diz que as partes que compõe um todo não podem ser isoladas e analisadas à parte, pois isso incorre numa fissura, desvios, sendo que as partes só interessam em relação ao todo. Essas colocações dialogam com o Holismo, e o Tao, que buscam a integração, união.
Em Astrologia o mapa natal conta um enredo individual, com cores dramáticas, versos humorados, tendências perigosas, caminhos de sucessos, rotas de amor, entre tantos outros cruzamentos e pontes. E se configura um equívoco analisá-lo por partes sem levar em consideração o todo, para uma melhor compreensão não basta saber se minha Vênus é retrógrada, ou se meu Sol em Áries em trígono com Marte em Leão me alavancará ou me arrastará pelos caminhos que mostram o mapa. Ao estarmos familiarizados com as configurações astrológicas, perceberemos que o que parece uma “queda”, um “maléfico”, “detrimento” ou qualquer outra propriedade que requeira maior atenção, que carrega tensão em suas energias nos empurram para uma vida mais dinâmica que muitas vezes obriga o ser individual a desvendar em meio à crises de identidade à sua rota de vida. E ter um mapa com configurações “benéficas”, “domiciliados”, “exaltações” não é garantia de nada, pelo contrário, às vezes a sensação de bem aventurança que um mapa positivado carrega pode deixar a personalidade humana preguiçosa, desdenhosa, porque as facilidades acomodam e as crises movimentam. O certo é que apesar de todo o destino escrito nas estrelas, os caminhos dos homens e mulheres é que contam suas histórias, alguns mais tranquilos, outros em turbulência.
A estrutura da individualidade é representada por Saturno, senhor dos tempos, porta voz do carma, que toma conta de cada falha para na hora certa trazer a conta e exige o acerto. Por volta dos 28 anos de idade o planeta Saturno faz uma volta completa ao redor do Sol natal de cada pessoa, e nessa ocasião conhecida popularmente por “crise dos trinta” é que nos vem há primeira conta de Saturno. Afinal já passou boa parte da vida e não vamos ser eternamente jovens com um futuro inteiro pela frente. Nessa fase as desculpas, defesas, vícios, faltas e qualquer outra artimanha de resistência que o ego tenha construído para si serão postas em xeque e provavelmente deverão ser superadas e feitas as modificações necessárias para uma vida adulta integrada. Vamos analisar uma suposta situação, a pessoa por volta de seus 21 anos resolve que vai se profissionalizar na mesma linha que um de seus pais, daí lá no Retorno de Saturno, se apercebe insatisfeita e identifica na profissão uma escolha da qual se arrepende, então é hora de mudar e começar do zero ou continuar ou quem sabe ainda mudar parcialmente, fazendo ajustes. Ambas as escolhas acarretam perdas de um lado e ganhos em outro. Ser adulto é ter responsabilidades pelas escolhas e se não tiver é arcar com a frustração de um Saturno nada satisfeito. As aflições de Saturno são sentidas nos ossos, nas articulações doloridas e atravancadas pela falta de coragem, pelo peso emocional de relações mantidas pela conveniência social, mas em nada desejadas por nossa Vênus ou Lua, é também a ambição avassaladora que não mede esforços para chegar onde quer, deixando nosso Marte raivoso. A estrutura saturnina reflete em todos os pontos.
Uma vez identificada nossas escolhas que não nos servem mais, logo ocorrerá as mudanças que devemos empreender. Saturno é a estrutura, o Sol é a força motriz, a Lua é o conteúdo da alma, Mercúrio é a mente racional, Vênus é o nosso sistema de valores, Marte é a nossa força de arranque, Júpiter é capacidade de expansão do espírito, Urano é a mente inventiva, Netuno é nossa oração e Plutão é o poder que transforma destruindo e construindo ininterruptamente. Após o primeiro Retorno de Saturno, nossa vida não será mais a mesma, muito dependerá do que faremos para manter, restaurar ou trocar nossas estruturas. Saturno vem para nos avisar que somos responsáveis por nossa existência e o que ele nos revela em meio à crise de seu retorno é a chave para a maturidade.
Semelhante ao que acontece entre o indivíduo e a sociedade, quando na fragmentação, a individualidade se aliena do social e o social ao ignorar as necessidades íntimas, cria o que Norbert Elias caracterizou como abismos, ocorre algo semelhante na Astrologia quando em uma oportunidade como a do Retorno de Saturno a personalidade preferir deixar na sombra da psique o que a crise evoca, e não se esforçar para fazer o trabalho de reestruturação, deixando ocorrer outro abismo, mas na consciência,  essa escolha é mais infeliz, apesar da falsa sensação de segurança que representa quando o ego se agarra ao velho e não quer trazer espaço para o novo, Saturno é segurança, e a falsa segurança de uma estrutura que não se suporta é a ruína, e para não chegar até ela o que Saturno nos ensina e exige como prova do aprendizado? Temos uma vida inteira para descobrir e agir, e de tempos em tempos Saturno vem cobrar seu preço por nós existirmos aqui na Terra. Um preço justo a pagar é com a responsabilidade e Saturno ama responsabilidade, e não será nada mal ter o amor de Saturno em nosso destino. 

Imagem: Eugenia Loli

quinta-feira, 1 de junho de 2017

O que sua Vênus quer de você?

A Vênus astrológica simboliza nossos valores, o que mais prezamos e desejamos, é a força de atração dos amores e seduções, são as realizações que satisfazem prazerosamente, é também o estado contemplativo ao desfrutarmos junto à natureza, é o encantamento de tudo que é belo, o requinte, o luxo, o erotismo. É como bem define a astróloga Teca Dias, “Vênus é o símbolo da nossa capacidade de formar e identificar aquilo que valorizamos, portanto é a base da autenticidade em nossas escolhas pessoais”.
As lendas que remetem à Afrodite realçam o seu perfil de amante dos deuses, de apreciadora e senhora dos prazeres, da astúcia, da beleza que seduz e que levam homens à ruína e Impérios à Guerra. Temos no exemplo de Helena de Tróia, que era abençoada com a beleza e encantos de Afrodite, e isso atraiu ao seu destino a guerra e a destruição.
Os atrativos de Vênus/Afrodite, nos remetem a glória ou a ruína, pois mexem intimamente no que nos é caro, no que é necessário para nossa satisfação pessoal. Acontece que na atualidade há uma exagerada busca pelo prazer, e uma devoção narcisística de si mesmo. São sonhos, ou melhor, ilusões vendidas nas capas de revista, nos outdoors, nos comerciais de TV, no cinema, nas novelas... Se Vênus é a capacidade de escolhermos por nós mesmos o que nos satisfaz, por que a indústria midiática investe em produção de falsos padrões de satisfação em massa? Desde o corpo desejado, a roupa que o cobrirá, aos interesses eróticos, aos divertimentos, toda essa parte é comercializada na sociedade capitalística. O hedonismo é produto. Assim, Vênus contemporânea se ressente, e nos nossos tempos a expressão de sua energia  está objetificada com os padrões de moda. Poucas são as pessoas que dão vazão a sua Vênus pessoal sem antes obedecer ao status quo.Vejamos, a indústria de larga escala é mantida pelas necessidades da massa, que a própria indústria cria e transmite, como um vírus através das mídias, então ter aquele carro, aquele cabelo, aquela barba vai trazer alguma satisfação relacionada com os nossos valores, só que como esses valores vem do externo, a sensação das necessidades atendidas dura pouco, e tão logo temos que adquirir outro carro, outro cabelo e outra barba. Essas insatisfações podem levar à depressão e a falsa sensação de desvalorização humana, pois nada satisfaz com integridade duradoura.
Vivemos um tempo de supressão cultural de Vênus, nos empurram goela abaixo estereótipos de amantes que melhor combinam conosco, a expressão da posse e do ciúme faz parte dos enredos novelescos de romance, o acirramento de uma suposta rivalidade feminina na qual se nutre inveja. Inventaram uma imagem de mulher/Vênus, frágil, do lar, doce e que se dá ao respeito! E o sex appel inerente à Vênus foi colocado como produto e poucas são as pessoas que conseguem pagar o preço para tê-lo.
Na antiguidade grega as particularidades venusianas eram vividas de forma despretensiosa, o sexo era praticado enquanto uma arte, a ars erotica, que mais tarde Michel Foucault ira estudar no seu livro “A História da Sexualidade I”, nesse contexto as experiências eróticas, envolviam jogos, brincadeiras, religiosidades, eram momentos de aprendizado diante da experiência empírica do momento sexual, era normal transar e não ter neura depois, não existiam  desvios e doenças, era outra mentalidade, e com o advento da modernidade, o sexo ganhou ares de moralidade, de certo e errado, mas antes, com o cristianismo já havia alcançado o status de pecado, sendo a grande arma do mal, geralmente encarnado num corpo de mulher. Aqui Vênus deixa de exercer a arte erótica e é condenada pelo pecado de Eva. Há uma tentativa cultural de segmentar a psique feminina, sendo aceitáveis as características da Lua – emoção, devoção, sentimentalismo, cuidado, nutrição, afeto em detrimento das qualidades de Vênus – sensualismo, criação, alegria, prazer, orgasmos, gozos. Nos lares mulheres de Lua, nas ruas mulheres de Vênus. Para realizar os desejos de Vênus, compre, o capitalismo tira a autonomia venusiana, pois vive de venda de ilusões e de falso bem-estar. Algo que era pra ser gerado de dentro para fora, esperamos que o Estado ou o mercado nos conceda, junto ao nosso bem-estar. Os senhores do poder e as senhoras das riquezas entenderam bem como dominar os homens e mulheres, foram e mexeram em suas vaidades e quereres, colocaram preço, vivam ou morram, mas paguem para (infelizmente) ser.
As configurações e posicionamentos envolvendo Vênus natal nos mostram muitas de nossas frustrações por não termos nossos valores claros, o que eu quero e o que o social quer de mim? Essa roupa que eu visto é minha ou de uma personagem de novela? Essa namorada é a que eu realmente amo ou tem um corpo tal qual um anúncio de cerveja? Os gastos que eu tenho com minha beleza são abusivos? Essas são apenas algumas reflexões que podemos fazer. E depois pode vir outra questão, o que sua Vênus quer de você?