A Vênus astrológica simboliza
nossos valores, o que mais prezamos e desejamos, é a força de atração dos
amores e seduções, são as realizações que satisfazem prazerosamente, é também o
estado contemplativo ao desfrutarmos junto à natureza, é o encantamento de tudo
que é belo, o requinte, o luxo, o erotismo. É como bem define a astróloga Teca
Dias, “Vênus é o símbolo da nossa capacidade de formar e identificar aquilo que
valorizamos, portanto é a base da autenticidade em nossas escolhas pessoais”.
As lendas que remetem à
Afrodite realçam o seu perfil de amante dos deuses, de apreciadora e senhora
dos prazeres, da astúcia, da beleza que seduz e que levam homens à ruína e
Impérios à Guerra. Temos no exemplo de Helena de Tróia, que era abençoada com a
beleza e encantos de Afrodite, e isso atraiu ao seu destino a guerra e a destruição.
Os atrativos de
Vênus/Afrodite, nos remetem a glória ou a ruína, pois mexem intimamente no que
nos é caro, no que é necessário para nossa satisfação pessoal. Acontece que na
atualidade há uma exagerada busca pelo prazer, e uma devoção narcisística de si
mesmo. São sonhos, ou melhor, ilusões vendidas nas capas de revista, nos outdoors, nos comerciais de TV, no
cinema, nas novelas... Se Vênus é a capacidade de escolhermos por nós mesmos o
que nos satisfaz, por que a indústria midiática investe em produção de falsos
padrões de satisfação em massa? Desde o corpo desejado, a roupa que o cobrirá,
aos interesses eróticos, aos divertimentos, toda essa parte é comercializada na
sociedade capitalística. O hedonismo é produto. Assim, Vênus contemporânea se
ressente, e nos nossos tempos a expressão de sua energia está objetificada com os padrões de moda.
Poucas são as pessoas que dão vazão a sua Vênus pessoal sem antes obedecer ao status quo.Vejamos, a indústria de
larga escala é mantida pelas necessidades da massa, que a própria indústria
cria e transmite, como um vírus através das mídias, então ter aquele carro,
aquele cabelo, aquela barba vai trazer alguma satisfação relacionada com os
nossos valores, só que como esses valores vem do externo, a sensação das
necessidades atendidas dura pouco, e tão logo temos que adquirir outro carro,
outro cabelo e outra barba. Essas insatisfações podem levar à depressão e a
falsa sensação de desvalorização humana, pois nada satisfaz com integridade
duradoura.
Vivemos um tempo de
supressão cultural de Vênus, nos empurram goela abaixo estereótipos de amantes
que melhor combinam conosco, a expressão da posse e do ciúme faz parte dos
enredos novelescos de romance, o acirramento de uma suposta rivalidade feminina
na qual se nutre inveja. Inventaram uma imagem de mulher/Vênus, frágil, do lar,
doce e que se dá ao respeito! E o sex
appel inerente à Vênus foi colocado como produto e poucas são as pessoas
que conseguem pagar o preço para tê-lo.
Na antiguidade grega as
particularidades venusianas eram vividas de forma despretensiosa, o sexo era
praticado enquanto uma arte, a ars erotica,
que mais tarde Michel Foucault ira estudar no seu livro “A História da
Sexualidade I”, nesse contexto as experiências eróticas, envolviam jogos, brincadeiras,
religiosidades, eram momentos de aprendizado diante da experiência empírica do
momento sexual, era normal transar e não ter neura depois, não existiam desvios e doenças, era outra mentalidade, e
com o advento da modernidade, o sexo ganhou ares de moralidade, de certo e
errado, mas antes, com o cristianismo já havia alcançado o status de pecado, sendo a grande arma do mal, geralmente encarnado
num corpo de mulher. Aqui Vênus deixa de exercer a arte erótica e é condenada
pelo pecado de Eva. Há uma tentativa cultural de segmentar a psique feminina,
sendo aceitáveis as características da Lua – emoção, devoção, sentimentalismo,
cuidado, nutrição, afeto em detrimento das qualidades de Vênus – sensualismo,
criação, alegria, prazer, orgasmos, gozos. Nos lares mulheres de Lua, nas ruas
mulheres de Vênus. Para realizar os desejos de Vênus, compre, o capitalismo
tira a autonomia venusiana, pois vive de venda de ilusões e de falso bem-estar.
Algo que era pra ser gerado de dentro para fora, esperamos que o Estado ou o
mercado nos conceda, junto ao nosso bem-estar. Os senhores do poder e as
senhoras das riquezas entenderam bem como dominar os homens e mulheres, foram e
mexeram em suas vaidades e quereres, colocaram preço, vivam ou morram, mas
paguem para (infelizmente) ser.
As configurações e
posicionamentos envolvendo Vênus natal nos mostram muitas de nossas frustrações
por não termos nossos valores claros, o que eu quero e o que o social quer de
mim? Essa roupa que eu visto é minha ou de uma personagem de novela? Essa
namorada é a que eu realmente amo ou tem um corpo tal qual um anúncio de
cerveja? Os gastos que eu tenho com minha beleza são abusivos? Essas são apenas
algumas reflexões que podemos fazer. E depois pode vir outra questão, o que sua
Vênus quer de você?
Grata por essa reflexão.
ResponderExcluirQ bom q está sendo útil para você!
ExcluirQue texto lindo! Estou impressionada e gratda por ter lido, foi muito esclarecedor
ResponderExcluirGrata por ter ajudado!
Excluirgratidão
ResponderExcluirAmei, nunca tinha pensando dessa maneira
ResponderExcluirMuito legal o texto! Obrigada!
ResponderExcluirGrata!
ResponderExcluirGrata a todxs e voltem sempre e sejam sempre bem vindos!
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