segunda-feira, 2 de julho de 2018

Qual é o seu norte?


A Astrologia é um campo que relaciona símbolos, arquétipos, elementos da natureza, posições planetárias, entre outros fatores astrais, e cada elemento desses são regidos pelas forças temporais, isto é, pelas tradições culturais que uma determinada sociedade possui. Estudar as diferenças históricas de cada sociedade nos faz compreender como a utilização da Astrologia mudou no correr dos séculos, e que fazer anacronismos não nos favorece.  
Formar uma consciência histórica é poder nos colocar no presente como indivíduos, e sermos capazes de irmos ao passado e nos projetar no futuro, sem lançar culpas ou vitimismos, pois se tem o entendimento da experimentação humana em seus diferentes tempos e seu desenvolvimento. As memórias passadas (Lua) nos mostram possibilidades para o futuro e o presente, se nos colocarmos enquanto participantes da História. O que ocorreu e ainda ocorre, é a colocação passiva de sermos apenas o resultado de um passado remoto, que nem nos lembramos mais, falas como: “a corrupção é assim mesmo, desde que o mundo é  mundo”, “as mulheres não querem direitos iguais,então por que a Lei Maria da Penha?”, “os negros tem cotas, isso é racismo reverso?”, aqui são alguns pontos para pensarmos essa dissociação temporal, existe uma generalização que obscurece a razão e a consciência, quando falo em consciência histórica, termo utilizado pelo historiador Jörn Rüsen, falo dessa separação temporal que muitas pessoas vivenciam, se colocando à parte do todo. E o que isso tem haver com a Astrologia?
Diante de meus estudos astrais, tive uma sensação de que uma consciência histórica tem uma relação com os Nodos Lunares. Os nodos não são planetas, não são visíveis, eles são pontos demarcados da intersecção da passagem da Lua pela Terra, quando passa pela eclíptica do Sol.  Nosso passado histórico também é demarcado, no tempo, em uma trajetória que a humanidade caminhou, e assim podemos nos posicionar no presente enquanto sujeitos históricos capazes de fazer mudanças visando um futuro, um lugar que queiramos chegar, sem apenas sermos arrastados pelas circunstâncias inerentes à história da humanidade, seria pegar nossa vida nas mãos e fazermos os ajustes pertinentes ou não, mas termos a consciência disso, e não relegar ao passado os infortúnios do presente, com “mas sempre foi assim”.  Os nodos lunares existem em eixo de oposição, dualidade, vida, morte, passado, futuro, e a pessoa encarnada vive no presente, lidando com ambas as energias, passado e futuro, o passado enquanto apego ou descanso e o futuro enquanto anseio e projeções, todavia o que se faz no presente? Muitas vezes, se culpa, olha lá de novo “por que sempre foi assim”... É uma ladainha que invade muitos de nós, sem nem nos percebermos.
Os Nodos Lunares são, o nodo norte ou cabeça do dragão, e o nodo sul, a cauda do dragão, o primeiro nos diz para onde devemos ir e o segundo de onde viemos. A cauda do dragão representa o passado, nossa vida uterina, ou ainda uma arraigada forma de viver que se tornaram obsoletas e nos acompanham entre várias vidas, já a cabeça do dragão é o norte que nos diz para onde devemos ir, são aquelas experiências que ainda não vivemos, mas que quando damos passos rumo à ela temos satisfação, pois abre-se novas experiências e oportunidades. Mas o passado não deve ser abandonado, ignorado, o uso dele é para nos preparar para um futuro mais íntegro, completo, e como estamos falando em polaridades, quando fixamos em apenas uma, há o enrijecimento e a estagnação. Aqui nesse eixo temos uma tensão das forças lunares do passado e das solares representando nosso futuro, que são vivenciadas na Terra. Para haver a união do ser entre seu passado e para aonde deve ir, a pessoa que quer se melhorar deve encontrar seu ponto de equilíbrio, muito provavelmente o ponto do Ascendente trás essa resposta, já que é a meta e o caminho a seguir. (saber sobre ascendente ver aqui:http://trigonosastrais.blogspot.com/2017/06/o-presente-e-o-ascendente.html )
Os nodos devem ser analisados tendo em vista todo o mapa astral, seu posicionamento por signo é geracional e por casa é individual. No nodo sul, temos um porto que por vezes não é muito seguro, e no norte temos uma sensação de estar sem chão, mas quando damos o primeiro passo já sentimos chão sob nossos pés, mas a estrada é longa e deve ser seguida passo a passo, firmando um caminho para si, novo até então, mas atentos, por que o canto da sereia (nodo sul) tá sempre aí pra nos seduzir.
Para concluir que já falei demais, propus essa relação entre consciência histórica e os Nodos Lunares, pois ambos trazem do passado o conhecimento necessário para um presente e um futuro melhorados, eu sou uma ser humana em busca de melhoramentos, rsrsrs, e tendo em vista que o nodo lunar percorre um mesmo signo durante mais ou menos um ano e meio, seu trabalho age num determinado grupo, em várias almas com um enfoque comum, assim também são as construções históricas nas quais muitos indivíduos estão envolvidos, e estiveram, e aqui nos dois casos a Lua nossa mestre do passado que através de suas memórias nos faz sermos o presente do agora, e esse agora pode ser novo, renovado ou apenas um rascunho caótico de um passado que aparentemente não nos pertence, porém que nos amarra na inconsciência de dias coletivos, esses muitas vezes carregados de sofrimentos, pois não nos atrevemos à mudança dos polos, e assim quase impossível o equilíbrio do meio.
E como ir ao encontro do nosso norte? Como sermos sujeitos históricos conscientes do tempo e espaço que ocupamos? As culturas e tradições que estamos envolvidos nos dizem respeito ou são estranhas a nós? Aceitamos o inadequado, mas posto secularmente? Rejeitamos o novo, apenas por medo? Ou será que há mais verdades do que nos contam os livros de História e os antigos manuais da tradição astral? Mas queremos as verdades ou o descanso no conforto de “sempre foi assim”? Eu não sei as respostas, mas tenho tantas perguntas...  
 E então, qual é o seu norte?

imagem: glooge imagens

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