segunda-feira, 2 de maio de 2022

Rompendo a segurança - aspectos diante da lunação/eclipse em Touro

A lunação em Touro ocorrida junto ao eclipse trouxe à tona a necessidade de darmos atenção aos afetos, à generosidade, à cooperação, e como podemos colocá-las em prática nos projetos pessoais que iniciaremos nessa segunda lunação do ano astrológico? 

O eclipse (Sol/Lua) aconteceu em conjunção com Urano, gerando uma energia de transformação profunda com duração de 6 meses. As portas para o inesperado foram abertas, as oportunidades se manisfestam com mais intensidade ao ponto em que situações com bases sólidas, pautadas na materialidade, vão deixando expostas as falhas internas para se manter em segurança, assim como indica o arquétipo do signo de Touro do elemento terra, de modalidade fixa e ligado às sensações, aos prazeres e motivado pela estabilidade. 

Será que temos consciência do que queremos para deixar nossas vidas mais satisfatórias? Nossos valores sejam eles morais e materiais são defasados ou atualizados de tempos em tempos? Como agimos em relação ao nosso dinheiro? O que é meu? 

O momento pede o rompimento dos apegos para iniciar a preparação do que realmente importa materialmente, o que conecta com a realidade e com uma busca nova, por uma segurança diferenciada. Aquietar para receber, liberar, entregar. Permitir que processos criativos se renovem, que as catarses aconteçam e que os gatilhos emocionais possam ser acolhidos na segurança do ser (Sol/Lua). A paciência taurina está sendo testada! 

No céu Mercúrio chegou em sua morada geminiana. Loquaz. Veloz. Curioso.  A Lua já está crescendo em Gêmeos. Racionalizando as emoções. Lua e Mercúrio em conjunção nos domínios do ar. Como dar leveza ao peso das nossas escolhas concretas/materiais/valorosas configurados na lunação taurina? 

E Vênus deixa a conjunção dos sonhos (Júpiter/Netuno em Peixes) e alcança Áries, onde fica exilada. A deusa do amor agora tem"sangue nos olhos"! Será bom entregar essa energia em benefício dos projetos da lunação taurina, a semente da vez não pode ser plantada em solo árido, raivoso, mas precisa de trabalho constante, de zelo e cuidado. Mexa seu corpo e faça suar. 

Marte segue em Peixes, indicando que é momento de buscarmos por nossos sonhos. E a estratégia pisciana é de fé e com o coração cheio de coragem, como um guerreiro do amor, talvez semelhante quando Ares se apaixona por Afrodite.

No entanto Saturno feral, ressente solitário em Aquário, tem o gosto amargo do passar do tempo, de perder o tempo, passar pelo corpo (Saturno rege ossos e corpo, rege a vida/morte), perder a vida, ganhar a morte. Melancolia que faz parte de existir em um corpo na Terra, que passa, mas que ainda vivo tem sonhos, desejos, necessidades para realizar! 

A lunação taurina, na exaltação da Lua indica um ciclo de assentar, mas com eclipse e conjunção com Urano, antes de assentar há que romper, transformar, revolucionar. 

O que estava oculto, em analogia ao signo de Touro, agora está disponível para a renovação. 


Referências: Carlos Hollanda (You Tube). Efemérides 2022. 


                                                    Imagem: autoria desconhecida 

                                                    








sábado, 23 de abril de 2022

Lua minguante e a introspecção necessária - reflexões para o final da lunação ariana, a primeira do Ano Novo Astrológico

 A fase de encerramento da lunação em Áries chegou, Lua minguante em Capricórnio que estava no céu no dia 21 de abril, dia em que o Sol já habitava Touro. Indicando que o fogo inicial da lunação ariana ou foi bem aproveitada dando início em movimentos pessoais que se interligam com a sociedade, ao outro, ou o fogo foi desperdiçado em tentativas egoístas que excluem o outro. Esse outro/sociedade ficou evidenciado na Lua Cheia em Libra, signo das relações humanas. 
A Lua que minguava em Capricórnio, signo de terra, pragmático, responsável, tenso, duro, deu início ao movimento crítico da primeira lunação do Ano Novo Astrológico. Anunciando o tempo necessário ao recolhimento, para as análises necessárias e  manutenção de força e energia, para estabelecer, refazer estratégias. 
As emoções puderam ser negociadas e gerenciadas através da energia capricorniana, fossem elas boas ou ruins, estressantes, frustantes, extasiantes. Fato necessário foi trazê-las ao plano da realidade. O que foi iniciado na Lua Nova em Áries  resiste ao tempo? Ao esforço? É capaz de constância?
Hoje dia 23 de abril a Lua mingua em Aquário, signo futurista, de inteligência racional, inventivo, criativo, excêntrico, revolucionário. Nesse momento da lunação ariana, o que foi iniciado, comprovado com seu amadurecimento na Lua Cheia em Libra e posto sob severas críticas na Lua minguante em Capricórnio, segue diminuindo de potência nessa Lua aquariana. Assim a sobrevivência futura do que foi empreendido na Lua Nova, depende de sua aplicabilidade ao bem comum, ao todo, Aquário rege a humanidade e a Lua em sua morada precisa da paz na Terra e para isso projeta no futuro intenções que sejam coletivas, sociais, ainda que sob os desígnios de uma lunação ariana, pois de nada vale a realização individual sem as trocas afetivas e sociais (Lua em Aquário). 
Entre os dias 24 e 25 de abril a Lua e Saturno entram em conjunção em Aquário, desafiando o Sol e Mercúrio em Touro. O compromisso visionário lunar/saturnino aquariano em atrito com a lentidão típica de Touro refletidas na potência e mentalidade do momento (Sol/Mercúrio). 
Sentimentos de demora e de inércia acentuando as arestas que devem ser aparadas, desde a lunação ariana. 
Quais ímpetos me atrapalham? Em quais estruturas emocionais me meto para fugir de meu compromisso? São fugas emocionais pelo excesso de racionalização? Tenho conceitos que se mantém por teimosia? Ou possuo sofisticada tecnologia de autopreconceitos? 
Segue os dias e entre 26 e 27 de abril a Lua chega em Peixes, se recolhendo em bençãos, na energia do amor incondicional. O que deu luz na lunação ariana tem capacidade de entrega, de união? Primeiro a Lua se unirá com Marte em Peixes, encontrando na ação poética o rumo necessário para entrega desinteressada ao descanso, ao relaxamento. 
A Lua vai perdendo luz na imensidão oceânica pisciana, e entra em comunhão sagrada com Vênus, Júpiter e Netuno. Esse encontro marca a consagração divina da lunação ariana. Mesmo os fracassos da lunação recebem a conotação de livramento e as emoções devem ser recebidas com tranquilidade. 

A magia da lunação ariana é viver cada fase sem apegos, com afeto e propósitos. 

Referência: efeméride  2022. 



Imagem: Henn Klim



sábado, 16 de abril de 2022

Reflexões para uma Lua Cheia em Libra - ápice da lunação em Áries e stellium em Peixes / novos tempos|nosso tempo

É chegada a  primeira Lua Cheia do Ano Novo astrológico, o ápice da lunação em Áries. A Lua Cheia está em Libra, signo da ponderação, das relações sociais, da convivência humana se opondo ao Sol cardinal ariano, são emoções em conflitos e dinâmicas que contrariam a vontade interior de sermos únicos. O desafio se realiza quando há necessidade de unir nossos individualismos em busca da harmonia social.  (Sol/Áries oposição Lua/Libra).  

Áries e Libra se complementam, são signos cardinais, Áries lidera, Libra concilia. Áries é fogo, Libra é ar. São ativos, eixo da guerra|paz. 

O que desejamos, iniciamos, intuímos na Lua Nova em Áries, se mostra concreto, agora, na Lua Cheia libriana. Se estiver em acordo com nossa realidade e propósito, sentimos satisfação pessoal (Sol/Lua) e identificamos nossos esforços e merecimentos dando resultados que nos alegram. E se nossos esforços fracassarem, agora é o momento de adquirirmos consciência de nossas derrotas, frustrações, mesmo diante de todo desconforto emocional (Sol/Lua).

Lua Cheia em Libra, morada de Vênus, e o planeta Marte chega na exaltação venusiana, no signo de Peixes, onde já estão, Júpiter em conjunção com Netuno, ambos em seu domicílio pisciano e Vênus em exaltação também em Peixes, stellium dos sonhos! Peixes é um signo mutável, sensível, emocional, das águas, rege os oceanos, o espírito, o além, a fantasia e também a loucura. Sua máxima é o amor incondicional. E o tempo de amar é agora. O céu é testemunha, e o grande benfeitor, o planeta Júpiter é quem garante a fé necessária para acessar o que está além de nossa realidade material, ao se unir com Netuno, planeta com morada moderna em Peixes, relacionado com os mares, com a expansão da consciência, assim rege as drogas, os alucinógenos, o êxtase divino, os delírios, a comunicação com o além e tudo aquilo que está entre viver e morrer, o caminho do sono, dos espíritos e seres incorpóreos, são outras realidades.    
 
Entre chamados espirituais e revelações de aléns, assim também há os afundamentos, afogamentos da alma em escapes dolorosos por meio de falsas promessas, de falsos gurus, espiritualidades obsessoras, o excesso de entorpecentes, álcool, drogas, jejuns. Entre transitar os mundos e aléns há que se firmar na presença de estar aqui e agora. 

Mercúrio em Touro, signo de terra, fixo, apegado ao mundo real, concreto ao toque, sabores, pragmático, prático. Eis a mente focada (Mercúrio em Touro), necessária para vivenciar as viagens que recortam a realidade prática, com o foco na energia pisciana dos nossos tempos. 

Plutão em Capricórnio em seu passo lento, segue derrubando, destruindo o que ainda se mantém presente das velhas e violentas opressões do patriarcado, já enquadra o Sol/Lua, mira Mercúrio e Júpiter/Netuno, evidenciando para que o amor incondicional (stellim em Peixes) rompa as nossas dependências (Sol/Lua) que já se esgotaram, é inevitável a dor, a ruína de tudo que ainda arrastamos, em nível pessoal (Sol/Lua) e em nível social (Júpiter/Netuno). 

Saturno domiciliado em sua morada aquariana, regendo Plutão, em sua  também morada capricorniana, segue frio, pronto para ser o carrasco dos que não largarem as certezas, regras, padrões e tradições de um tempo vencido, está lançando conflitos para a Lua Cheia. Quem paga o preço são as nossas emoções, nossa rede de afetividades. Adquirir paz emocional diante do capitalismo (Saturno) é tarefa árdua, mas aqui estamos e vivemos. 

Seguimos... 



Imagem: Google imagens. 


Referência: efemérides 2022. 



  

sexta-feira, 8 de abril de 2022

Marte|Saturno: "onde os fracos não tem vez"

Marte se encontra com Saturno no signo de Aquário, e fica até o dia 15 de abril, quando Marte entra em Peixes. Até lá é momento de arregaçar as mangas e agir (Marte) com comprometimento (Saturno) e inteligência prática com vistas ao futuro (Aquário). Lembrando que a conjunção ocorreu em sextil (aspecto harmônico) com a lunação em Áries (Marte rege o signo de Áries e Saturno rege o signo de Aquário), ativando os inícios/projetos do Ano Novo Astrológico!

Saturno é um planeta frio e seco, calculista de saber prático, austero, disciplinado, diurno, melancólico. 

Marte é um planeta quente e seco, imprevisível de saber instintivo, violento, corajoso, noturno, colérico. 

A  união desses planetas é análoga ao campo de batalhas em uma guerra. Mesmo com medo e apesar de todo sofrimento inerente, é necessário se encher de coragem e lutar para vencer, sair viva. Assim na vida, essa combinação traz ao momento coragem e também desavenças. Podemos sentir mais disposição física, mais energia e também raiva e frustração.

Agora que a Lua cresce em Câncer em trígono (aspecto harmônico) com Júpiter|Netuno em Peixes, revela o momento mágico|auspicioso da lunação ariana. Aqui a tônica é da entrega, sabendo que para progredir nos projetos de vida desse momento (Marte|Saturno Aquário - sextil - Lunação em Áries) é chegada a hora de encontrar caminhos entre as deliberações práticas e as experiencias místicas de fé e confiança (Lua em Câncer / Júpiter|Netuno em Peixes). Há bençãos até diante da guerra (Marte|Saturno).

Com os conhecimentos mitológicos, sabemos que Ares (Marte) o deus da guerra, gostava da violência, e mais que vencer ou sair derrotado, o importante era o prazer gerado pelo massacre. Seus filhos também eram violentos, Diomedes Trácio, semideus, era filho de Ares e tinha éguas que comiam carne humana e aterrorizavam nas batalhas e saques. 

Cronos (Saturno) também era um deus violento. Devorava os próprios filhos, com medo de perder poder. No entanto o mito da idade de ouro, coloca o reinado de Saturno, como um tempo, de paz, liberdade, civilidade, abundância em que homens e mulheres não precisavam trabalhar, a própria natureza se encarregava em produzir os alimentos de forma generosa. 

A etimologia latina da palavra saturno se relaciona com satus = semear, plantar, dando origem assim ao entendimento que Saturno da era de ouro era o deus agrícola, das sementes casado com Ops Consinua a deusa da abundância das dádivas da Terra. 

A festa em homenagem ao deus Saturno era a Saturnália. acontecia de 17 a 25 de dezembro, no solstício de inverno, simbolizando um ciclo completo do ano agrícola. Era um momento de alegria e descontração. Já no Império Romano as saturnálias eram festas divertidas de extravasamento das opressões violentas da sociedade romana da época, para aliviar a pressão até os papeis socais eram trocados, o rei se transformava em escravizado e o escravizado em rei. Algo com valor social como o nosso atual carnaval. 

Até hoje o Sábado dia de Saturno, é relacionado ao entretenimento, festas e diversão. 

Diante das perspectivas mitológicas e astrológicas podemos dizer que a sabedoria de Saturno é alegrar-se, e a sabedoria de Marte é amar (Vênus era a única que conseguia desarmar Marte). 

Então o amor e alegria para desarmar a guerra (Marte|Saturno) está  disponível no céu com a Lua canceriana, Vênus, Júpiter e Netuno em Peixes. 

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No amor e na guerra "os fracos não tem vez". 

arte: https://br.freepik.com/fotos-premium/uma-cacadora-com-arco-no-campo-de-batalha-estilo-de-arte-digital-pintura-de-ilustracao_20393898.htm 

Referências: BRANDÃO, Junito de Souza. Dicionário mítico-etimológico da mitologia grega. Vol 1. 

PTOLOMEU, Claudio. Tetrabiblos. 


 



quinta-feira, 31 de março de 2022

Lunação em Áries

O ciclo lunar é uma ferramenta de contar e entender o tempo e a natureza, desde que os seres humanos experimentam a vida no planeta Terra. A agricultura e a sedentarização se desenvolveram a partir da aplicação dos conhecimentos lunares.

 Lua Nova, semear a terra; Lua Crescente, laborar com afinco para assegurar que a semente vingue e se torne forte; Lua Cheia, a colheita; Lua Minguante, o descanso. Essa sabedoria ancestral é Astrologia.

A lunação corresponde ao ciclo lunar de 28/29 dias. Inicia na Lua Nova e encerra na Lua Minguante. E estamos entrando na primeira lunação do Ano Novo Astrológico, dia primeiro de Abril, quando a Lua e Sol entram em conjunção exata no signo de Áries. 

Eis o momento ideal para iniciar nossos projetos pessoais, com determinação e coragem. Além da conjunção Sol/Lua, temos Mercúrio como terceiro participante da conjunção, transformando-a em stellium, ou seja, quando no mínimo três planetas se encontram no mesmo signo. 

Há uma potente força ariana em ação regendo os próximos 28 dias, Sol (essência / vigor / coração), Lua (mente emocional/ afetos / humores), Mercúrio (mente racional / comunicação / locomoção) todos juntos organizados através das características do signo de Áries, o pioneiro zodiacal. 

Além das configurações arianas, temos presente outras três conjunções que impregnam suas forças na lunação em Áries. A conjunção aquariana entre Vênus/Marte/Saturno, a taurina com Urano e o Nodo Norte e a pisciana entre Júpiter e Netuno. 

Sol/Lua/Mercúrio em Áries, evidenciam uma força mental e emocional inovadoras, capaz de ultrapassar obstáculos com agilidade e coragem. Momento para agir com assertividade, iniciando o que se deve fazer, preguiças e procrastinações são mais fáceis de serem vencidas nessa lunação de ação!

Vênus/Marte/Saturno em Aquário, entregam frieza e racionalidade nos relacionamentos, ponderação nas paixões e resistência para enfrentar as dificuldades ao se relacionar de forma íntima com alguém. Além de trazer austeridade aos próprios desejos. 

Urano/Nodo Norte em Touro, mostram o destino coletivo das transformações inevitáveis. Conflitos para manter a preservação da Natureza. Catástrofes que devem ser evitadas através de políticas públicas para o bem comum e o reconhecimento das tecnologias/saberes/fazeres indígenas para a salvação do planeta.

Júpiter/Netuno em Peixes, indicam os sonhos, utopias, mas também trazem junto os enganos e as ilusões. Sua meta é a entrega na fé, e por isso é necessário que se evite fanatismos e idolatrias. 

A lunação em Áries trás em si a semente que quer ser plantada! Esta que comunica, desde o racional, passando pelas emoções que se manifestam na expressão do eu (Sol/Lua/Mercúrio em Áries), quando integradas nas necessidades de transformações sociais para a preservação das nossas vidas, da nossa casa comum, o planeta Terra (Urano/Nodo Norte em Touro), tendo na presença divina de cada ser, nossa certeza em forma de fé, mas sem a ilusão de salvação/danação (Júpiter/Netuno em Peixes). 

Identifique em seu mapa natal, em que casa estão os graus 8 - 16 de Áries, se há planetas, ângulos e outros pontos de destaque em conjunção, oposição ou quadratura com essa lunação. Esses aspectos são os mais ativados nesse período. 

Momento de sair da inércia e fazer o que tem que ser feito! Sabe aquelas promessas que fazemos para nós mesmas ao iniciar o ano novo gregoriano? Agora sim, é o momento de dar vazão aos inícios, sejam eles, um novo esporte, uma capacitação profissional, uma reforma no lar, nova cidade para morar e etc. 

Aquele primeiro passo precisa ser dado agora! Áries quer a caminhada de cabeça erguida, decidida de conseguir e cheia de coragem para persistir.

O que for germinado agora na Lua Nova, deverá ser aperfeiçoado na Lua Crescente em Câncer em quadratura com o Sol em Áries, garantindo tensões e crises necessárias para tal empreendimento, necessário carinho, atenção e cuidado, apesar dos impulsos e agressividades de Sol em Áries. 

Chegando na Lua Cheia em Libra, quando se opõe ao Sol ariano, é o momento de colher as conquistas do que foi plantada. E partilhar os resultados na interação com os outros.

E depois avaliar, silenciar, descansar soltar e sentir os efeitos de todo o ciclo lunar na chegada da Lua Minguante no signo de Capricórnio, depurando em outra quadratura ao Sol ariano, o inventário lunar necessário para em seguida iniciar outro ciclo de lunação, que será em Touro. 

Essa lunação ariana pede ousadia, pioneirismo, coragem, uso inteligente da raiva, na cor o vermelho, no sabor a pimenta, na emoção a paixão! O tempo é agora! 


Referências: CUNNINGHAM, Donna. A Lua na Sua Vida. 

PAUL, Haydn. A Rainha da Noite - Explorando a Lua Astrológica.

NAKATA, Elizabeth. Youtube. 




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sexta-feira, 4 de janeiro de 2019

A força dos mutáveis: Gêmeos, Virgem, Sagitário e Peixes

Os doze signos do zodíaco são divididos em diferentes modalidades, assim, há os signos cardinais (iniciam), mutáveis (mudam) e fixos (mantém). Gêmeos, Virgem, Sagitário e Peixes são signos mutáveis, estes se lançam ao movimento das transformações, de acordo com seus elementos (Gêmeos/ar; Virgem/terra; Sagitário/fogo; Peixes/água).
Em Gêmeos as mudanças são nas ideias, formas de pensamentos e comunicação, pois Gêmeos é um signo aéreo. Quando em Virgem a mutabilidade se dá nas estruturas, na capacidade de alternar os planos em adequação com a eficiência prática, Virgem é um signo da terra. Já em Sagitário as transformações se dão na expansão da consciência, nos sistemas de crenças e filosofias que nos guiam, Sagitário é regido pelo fogo. Em Peixes as alternativas de mudanças são infinitas diante das  nuances existenciais e suas implicações emocionais, Peixes flui com a água.
Os mutáveis do zodíaco tem o papel de transitar entre os inícios e fins, diante disso, tendem a ser desapegados e um tanto impessoais. Gêmeos se interessa pelas ideias, Virgem se interessa pela eficácia, Sagitário se interessa pela sabedoria, Peixes se interessa pelos mistérios. As ideias, a eficácia, a sabedoria e os mistérios são concepções em constantes variações, são difíceis de definir e dentro de uma conjuntura sociocultural vão ao encontro de diferentes interesses, sejam econômicos, ideológicos, e/ou espirituais.
Os arquétipos dos signos mutáveis podem ser utilizados não apenas por quem tem o Sol ou mutáveis fortes no mapa, mas por todos que queiram se reinventar (Gêmeos), se reorganizar (Virgem), se renovar (Sagitário) e se reconectar (Peixes). Quando percebemos que podemos melhorar, ou que a estagnação alcançou um ponto que fere, mais do que descansa, ou até quando as certezas da fé nos traem e precisamos renová-la é preciso que se empreendam mudanças na vida, e isso nem sempre é fácil, pois requer o desapego, um passo adiante que deixa as marcas das pegadas passadas para trás.
Diante da força mutável, o que resiste é a adaptação, a forma se altera de acordo com o tempo, ou seja, as ideias fixas se dissolvem quando se adaptam a uma nova realidade (Gêmeos), os projetos que já não são eficazes ao tempo presente se alteram de acordo com as necessidades do momento (Virgem), as verdades morais e legais mudam culturalmente (Sagitário), as diretrizes de vida-morte-além são diferentes e cambiantes em momentos distintos do tempo histórico (Peixes).
Em Gêmeos, Sagitário, Virgem e Peixes temos um eixo de transformações, é o que nos permite ir além do conhecido e criar mais a partir de um início, logo, nada está dado com certo, acabado e principalmente inalterado, a mudança é uma garantia, e aqui não estamos falando em valores binários de bem e mal.
Ao colocarmos a ênfase em mudanças que causem melhorias, logo os valores devem ser direcionados ao bem comum. As ideias geminianas, a capacidade de concretização virginianas, a expansão sagitarianas e a entrega piscianas, sendo direcionadas, em primeiro lugar, a transformar nossa realidade pessoal, na forma como nos conhecemos e nos expressamos no mundo, uma vez que podemos nos transformar poderemos mudar a realidade.
Ao nos questionarmos podemos identificar o que está estagnado, e se quisermos, as energias dos signos mutáveis estão disponíveis para nos auxiliar nas mudanças necessárias há um bem viver. Então podemos nos perguntar:
Quais são nossas ideias retrógradas? Quais padrões seguimos que não atendem a nossa realidade? Quais conceitos morais, éticos e religiosos aceitamos sem saber se são condizentes com nossa verdade? Qual é a base de nossa fé?
Diante da possibilidade de podermos mudar e nos auxiliar mutuamente na melhoria do planeta e da vida, a astrologia é uma grande aliada nesta jornada, e todos nós temos os signos mutáveis em alguns pontos de nosso mapa natal, eis que estes pontos podem ser chaves importantes de transformação, serão mais enfáticos se estiverem juntos aos seus planetas regentes, à cruz cardeal, entre outros aspectos. Se a mudança instiga,  conhecermos nosso mapa de nascimento nos dará uma direção de por onde começar as alterações  necessárias ao nosso melhoramento como indivíduo e sociedade.
Então, vamos mudar o que não flui?


Nota: a tradição astrológica relaciona a mutabilidade dos signos de acordo com a transitoriedade das estações do ano, é o momento do fim de uma estação e o início de outra.  
arte: fada em arame de Robin Wight

sábado, 18 de agosto de 2018

Romper, transcender e transmutar

Na Astrologia um grupo de planetas, “descobertos” entre o final do século XVIII e início do século XX, nos trazem a marca dos "novos tempos", são eles, Urano datado em 1781, apesar de ter sido observado a olho nu na antiguidade, era tido como uma estrela, naquela época por volta do século VI, Netuno de 1846 e Plutão de 1930. É evidência histórica que o período que divide a temporalidade das experiências humanas entre Medieval e Moderna se dá com a ascensão Iluminista do século XVIII, o fim e o início de um novo período histórico coincide com a descoberta oficial de Urano, em Astrologia estas sincronicidades nos dão os elementos interpretativos de que precisamos para dar continuidade aos avanços desta linguagem dos céus. Não à toa Urano tem sua simbologia ligada às rupturas.
Nos termos astrológicos designamos estes três planetas como geracionais ou transaturninos, pois sua ação é melhor sentida por grupos de pessoas nascidas em uma determinada época (geração) e sua posição no firmamento está para lá de Saturno. Então para uma melhor compreensão, voltemos ao tempo. No início da história da humanidade os astros possibilitavam a contagem do tempo, a verificação dos períodos férteis, às baixas e cheias dos rios, a repetição de ciclos que mais tarde denominamos estações do ano, essas leituras do céu possibilitaram a agricultura e a sedentarização, responsáveis pela manutenção da vida e sua progressão civilizatória, bem tudo isso é astrologia.
A Lua e o Sol, foram os primeiros marcos de tempo, principalmente nos períodos matriarcais isso há mais de 10 mil anos a.C. O que verifica-se em comum, é que todos os aglomerados humanos tribais tinham e tem sua cosmogonia própria. Mas voltemos a Astrologia de que somos herdeiros, ela se concentra na Grécia no seu período clássico conhecido como Helenístico, o “berço da civilização”, seu legado vai desde a filosofia, matemática, medicina, astrologia/astronomia, e etc. Aqui a figura de Hiparco e Ptolomeu, são os responsáveis pela medição dos céus. Os planetas que se conheciam eram Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter e Saturno e as luminárias Lua e Sol. Estes sete corpos celestes foram e são a base da Astrologia, até o período Medieval, sem contestações e sem alterações no seu uso. Mas eis que com o advento da Idade Moderna emergem nos céus os transaturninos.
O Sol, a Lua, Mercúrio, Vênus e Marte em uma perspectiva de análise simbólica astrológica representam a pessoa, já Júpiter e Saturno representam a cultura ou sociedade de um determinado tempo. Em linguagem astrológica de Sol até Marte temos os planetas pessoais, e Júpiter e Saturno são os planetas sociais. O que os planetas geracionais vem ativar são as necessidades transculturais, ou seja, as rupturas, transcendências e transmutações. Mas como estes planetas podem ser sentidos em uma perspectiva do mapa natal? Analisaremos a seguir.  Por exemplo, a geração que tem Plutão em Libra, é responsável por transmutar os comportamentos estagnados, rígidos, e passíveis de corrupções das relações humanas, mas para isso cada indivíduo terá que transmutar este padrão cristalizado em suas relações pessoais, ora o desafio coletivo nos desafia na pessoalidade, sem isso permaneceremos na esfera de Saturno, quer dizer que ao aceitarmos os desafios evolutivos dos geracionais, podemos sair das estruturas criadas desde o avanço do Império Romano, com sua ideologia e sistema patriarcal, que se desenvolveu até estes tempos pós modernos.
Vejamos de forma sucinta como as energias destes planetas agem no mapa natal. Urano rompe, Netuno transcende e Plutão transmuta, são ações que desafiam o status quo (Saturno). Conhecemos e damos manutenção ao status quo (Saturno) através das expressões dos sete planetas antigos, vejamos, o Sol manifesta, a Lua sente, Mercúrio racionaliza, Marte aciona, Vênus deseja, Júpiter expande e Saturno restringe. Temos um grande desafio ao aceitarmos a escola transaturnina, pois ela está para a mudança total de um padrão para outro. Em termos históricos verifiquem as mudanças de milênio e podem perceber como são perturbadoramente desafiantes estes períodos.
Então vamos ao exercício da compreensão astrológica, Urano vem romper os assuntos da casa natal que ele ocupa e essa ruptura tanto melhor será se for criativa. Os assuntos de Urano são ativados pelos trânsitos, e os mais fortes são a quadratura que ele faz consigo mesmo aos 21 anos, a oposição aos 39, 42 anos, outra quadratura aos 63 anos, e seu retorno é aos 84 anos. Então nestes períodos há um chamado para abrir novos caminhos. Netuno vem transcender os assuntos da casa natal que ele se encontra, sua ativação por trânsito se dá mais intensamente com sua quadratura consigo mesmo aos 42 anos, neste momento é mais intensa a necessidade de ultrapassar um estágio para outro, ou seja, ampliar os limites dos assuntos da casa em que Netuno se apresente. Plutão vem transmutar os desígnios da casa em que se encontra no momento de nascimento. O único aspecto que Plutão faz a si mesmo é a quadratura, mas por sua órbita ser excêntrica, pode variar em que época da vida ela ocorrerá, algumas gerações tiveram essa quadratura por volta dos 50 anos enquanto outras por volta dos 30 anos. De qualquer forma Plutão exige uma mudança de um ponto a outro, algo morre para algo nascer.
Muitas outras coisas influenciam as questões dos geracionais na natalidade, como a retrogradação, os aspectos com outros planetas, o trânsito por casas, mas são assuntos para outra escrita. Por ora, encaramos a responsabilidade de se aprofundar na reflexão que questiona onde estão os pontos que ligam os indivíduos à manutenção das tradições e também à possibilidade de novas estruturas sócio/culturais. Na História trabalhamos com o uso da memória coletiva, muito utilizada pelo historiador contemporâneo Peirre Nora. Com base nesta memória coletiva, identificamos como as tradições vão se amalgamando em sistemas complexos da sociedade, e como cada indivíduo é afetado em sua personalidade por essa memória coletiva, sua individualidade está impregnada do todo social (Júpiter/Saturno). Mas essa memória coletiva não é estanque (Saturno), ela se faz e refaz conforme as necessidades das lembranças, dos pertencimentos, da preservação ou da construção das identidades sejam elas de estados nacionais, de grupos coletivos, comunidades ou mesmo do sujeito ensimesmado. As questões de transformações históricas e dos planetas geracionais são estreitas, cada um de nós é um agente transformador dessa espiral de vida. Assumir essa responsabilidade é a questão posta para nossa geração.   
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domingo, 22 de julho de 2018

Vênus!


Por aqui já falei de Vênus, mas sob um aspecto historiográfico, e hoje quero falar da delícia do amor venusiano, de erotismo, de beleza, de sensação.
Em Astrologia o planeta Vênus é o regente dos signos de Touro e Libra, no primeiro manifesta a sensualidade e no segundo a harmonia. Afrodite, a Deusa do amor, para os gregos, é a personificação da beleza que estimula os sentidos, a ponto de querer consumar o amor no ato sexual. Afrodite, apesar de ser casada, tinha incontáveis amantes, tanto deuses como humanos. Amor e erotismo faziam parte de seus atributos, é a beleza colocada em prol dos sentidos. É a manifestação do prazer.
Touro é o primeiro signo da tríplice da Terra, seu movimento é fixo, dá forma e estabilidade à matéria, então a beleza de Vênus encontra um corpo para encarnar, sentir, ter e dar prazer. Um corpo que pode ser apreciado por sua beleza física. Se formos um pouco mais a fundo nos mitos de criação, veremos que Deus fez o homem/mulher do barro, à sua imagem e semelhança. Nada mais divino que a beleza terrestre, que aqui nesse mito podemos remeter à Touro/Vênus, e por curiosidade, Touro foi o primeiro signo zodiacal, lá nos primórdios da humanidade a 4 mil ou 3 mil anos atrás. Touro é a estabilidade da primavera, e que estação do ano mais linda ein? É a vida em flor!
Libra é o segundo signo da tríplice do Ar, seu movimento é cardinal, trás o princípio da harmonia nas relações humanas. Em sua origem, está relacionada com o início do outono, o equinócio, em que o dia e a noite são iguais, época em que a amenidade do clima encontra a força para se preparar para a total renovação, que virá no inverno. Aqui Vênus astrológica dá aos homens e mulheres a oportunidade de terem relações uns com os outros, de se entreterem com a sociabilidade, é a oportunidade de apreciar um belo quadro, se encantar com a música, dançar à vida. É o flerte, o namoro, o encantamento da poesia.
Vênus foi colocada como regente da casa 5, isso lá no medievo, tendo por princípio os seus antepassados da antiguidade, os caldeus, que viveram na Mesopotâmia, estes desenvolveram uma ordem planetária que hoje é conhecida como ordem caldeia ou caldaica, mas o que nos interessa é que Vênus como regente tradicional da casa 5, mostra mais uma vez seu dom para as relações pessoais, sendo que na casa 5, temos nosso primeiro contato com o prazer e com a criação, e aqui encontramos o outro no sexo, e podemos gerar outro ser humano, é a criação em plena forma e alegria.
Vênus quer o conforto, o que é bom e gostoso (Touro), Vênus quer atenção, refinamento nas relações (Libra). Mas e quando Vênus se encontra em outros signos, ela tem que se adequar a energia deles para poder gozar de seus atributos, alguns serão receptivos, com por exemplo Vênus no signo de Peixes, em que se sente exaltada, tendendo a ampliar suas qualidades, mas quando em queda no signo de Virgem, essa Vênus tende a se tornar mais reprimida no que confere à lasciva. Para saber como Vênus astrológica atua na sua vida é necessária a leitura do mapa, tendo em vista os aspectos planetários que ela faz a outros planetas, qual signo está, e em que casa atua.  
Vênus ama os prazeres, ama o amor, é amor. A face erótica do amor. Ela sabe brincar, jogar e se jogar quando apaixonada. Vênus é o arquétipo do sagrado feminino. Não se envergonha e nem se escandaliza, causa vergonha e escândalo onde falta o amor. Por isso quando Vênus estiver aflita no mapa, trate de desenvolver o amor, primeiro o próprio e depois vá amar aos outros e a tudo que tiver centelha de vida, somos frutos desse ato, somos filhos e filhas da Deusa!


imagem: google imagens


nota 1 : as estações do ano em Astrologia tem como marco o hemisfério norte, por questões tradicionais os signos no hemisfério sul adotam toda a mitologia envolta nesses arquétipos primordiais.
nota 2: texto em possível construção!

segunda-feira, 9 de julho de 2018

A máquina e a emoção: desejos e Lua


O ser humano individualizado vive sua vida de acordo com as experiências que tem, isto é, é capaz de fazer escolhas, e ser responsável pelas consequências, ele se conscientiza de seu lugar no tempo da experiência. Aqui nessa esfera não englobo a humanidade inteira, pois existem diferentes níveis de  evolução humana. Mas a nossa sociedade ocidental é em sua maioria formada por seres individualizados, que se reconhecem enquanto sujeitos de suas histórias de vidas, logo se responsabilizam, ou não. A esfera que ainda não se individualizou, está geralmente integrada em sistemas sociais onde a ordem de um grupo se sobressai ao indivíduo, assim são as comunidades tribais que ainda se fundam em castas. “É privilégio do homem individualizar-se e destacar-se do rebanho, da tribo, da comunidade sócio-religiosa em que nasceu. É privilégio do homem sentir-se “separado” como um “eu”, um ego que tem características ímpares. Esse é seu privilégio e esse é seu fardo trágico, ou sua responsabilidade. Isso faz dele um deus ou um demônio.” (Dane Rudhyar)
Esse privilégio da espécie humana, essa individuação de que já falava o astrólogo Dane Rudhyar, no seu aspecto trágico cria redes de bloqueios e prisões emocionais, ora, não esqueçamos que este indivíduo que saltou fora da manada, há fez em um meio social, mais amplo, dando origem ao homem moderno e sua cultura capitalista, esse ser individual necessita de alguma forma se adequar para ser absorvido pela experiência moderna, esse fato se iniciou por volta do século XIX.
É comum deixar para depois às necessidades profundas pra atendermos aos desejos efêmeros do ego que surgem em ondas regidas pelo momento, são “ondas consumistas”, que tem um investimento midiático/psicológico forte para manter os desejos e capitais acesos. Atente que é diferente viver o agora e viver para satisfazer os desejos do agora, para viver o agora basta estarmos presente no que estamos fazendo, atentos, por assim dizer em estado de meditação, relaxados, seja lavando uma louça, ou administrando uma multinacional, aqui temos nossa individualidade integrada dentro do universo holístico, no segundo caso, quando estamos envolvidos em satisfazer os desejos que emergem, vivemos como analisa os filósofos Deleuze e Guattari , tal qual “máquinas desejantes” isto é, num sistema de interferências, de engrenagens ou rizomas, que ligam indivíduos e sociedade, em outro ponto temos Foucault, que nos empresta sua visão acerca da modernidade e da complexidade que o poder exerce sobre os indivíduos ao controlar politicamente e moralmente corpos (Foucault) e desejos (Deleuze e Guatarri). As vidas individuais quando transformadas em máquinas desejantes estão submetidas à máquina estatal/econômica capitalista, não somos mais um “Eu” de desejos próprios ou de anti-desejos, mas um produto ou máquina desse tempo, no qual mecanismos de poderes nos atravessam, desde a família (casa 4), às parcerias (casa 7) e o cume do sucesso ou fracasso social (casa 10).
Quando ficamos limitados ao capitalismo nossos desejos não são somente de foro íntimo, eles são construídos por meio dos estímulos externos, das vivências com o meio, assim desejos são construídos e inventados dentro das individualidades que irão reprimi-los ou não, e no entanto seja qual for a escolha ela estará imbuída em capital e isso forjará uma escala de valores dentro do sistema das máquinas desejantes, na qual culpabilizações ou gestos hedonistas se criam em escala crescente, onde lucram desde as psiquiatrias até lojas de suvenires.
O Estado nega o poder de vida ou de morte à decisão do sujeito, a doença e a saúde são ferramentas institucionais e produtoras de lucro, a subjetivação capitalística destes fatores da vida, entram em conflito com nossa natureza, o capitalismo tem o dom de nos deixar perplexos com nossa humanidade e de uma forma demasiado infantilizados, sedentos por prazer instantâneo, para talvez mascarar a dor das enfermidades humanas no mundo, e não pensar profundamente como cada ser se tornou coautor da realidade mundial tal qual é, tendo o poder financeiro como centro de comando e decisões que concerne a vidas e suas ações. Transformamos em tabus a sexualidade e suas variadas formas de expressão (casa 8), compartimentando um mundo de significados e significantes de natureza profunda, vital, em máquinas com suas peças bem separadas e ordenadas tal como as peças erotizadas, sensualizadas, pornográficas, disfuncionais e patológicas, normas de um sexo saudável e normatizado numa visão reducionista de heterossexualismo, ditames de uma conduta pautada numa moral de matriz cristã no qual se impregnou no corpo uma sensação de culpa ao se permitir prazer e mais nada, ou a  negação dele, ou ainda o que sai da matriz cartesiana da heteronormatividade pode cair com facilidade nas malhas dos fomentadores de patologias e suas diversas neuroses. 
Para mantermos as engrenagens dessas máquinas foi necessário que os conflitos, as vontades e potencias fossem relegados ao ostracismo interno (subconsciente / casa 12), aqui surge o terreno fértil para emergirem os bloqueios e as prisões emocionais, ora, máquinas desejantes são os “corpos sem órgãos” de Deleuze e Guattari  e aqui os sentimentos e emocionalismos são transformados em produtos do capital, ou seja, doenças e transtornos que a psiquiatria ou as religiões tendem a resolver, intermediando sujeitos com uma ordem que tem o poder de cura ou de escolha.
A autonomia individual só é possível quando nos damos conta desses emaranhados sociais que nos envolvem, e que nos fazem querer, desejar, assim atuando na manutenção do status quo, mesmo que de forma inconsciente. A Lua astrológica não se agrada de forma alguma com esse quadro, então se frustra, retêm energia afetuosa e nutridora, assim os caminhos para relações saudáveis se veem bloqueados, dando margem à estagnação. Essas máquinas desejantes ou esses corpos bloqueados, criam para si (casa 1) e para o grupo (casa 11), estruturas de dependência, desde a infância, quando a criança se esforça para ser aceita e amada, primeiro pela família (casa 4) e depois pelo entorno (casa 3), seu desenvolvimento criativo (casa 5) pode precisar de escape, e o sistema capitalista lhes servirá com diversões, prazeres que envolvam riscos, o uso de drogas, do álcool, as recreações artificiais promotoras de prazeres.
A consciência dessas estruturas sociais e suas relações astrais nos permitem ir ao encontro desse emocional reprimido, por satisfazer o ego pessoal, quando em relação ao ego social ou super ego. Aqui há uma fissura, um quase vácuo, mas criador de uma obscuridade ou sombra, que a Lua sente, introjeta, mascara e devolve ao exterior por meio de síndromes, complexos, vícios e conflitos. Essa carência emocional afeta nossa noção de valor (Vênus / Casa 2), pois as águas emocionais represadas encontram afinidade com valores negativos e atuais da cultura e da moral capitalista, atuam em dramas, encontram o pecado da culpa e o sentimento da vergonha, e muitas vezes quando identificados não conseguem ser expressos e invadem o ser e vão minando-o de dentro para fora e de fora para dentro. Uma espécie de sístole-diástole socioindividual.
Assim, trago essa reflexão para irmos ao canto escuro da alma, que só uma Lua iluminada de Sol é capaz de encarar, deixando às máscaras sociais para lá. Uma leitura astral é uma possibilidade de encontro com o humano em nós. As máquinas da engrenagem precisam de um coração, de água, de Lua e de emoção fluindo. Para isso é quase certo que iremos à margem do status quo, coragem, afeto e companheiros de caminho são importantes nesse despertar das máquinas. Então, vamos destravar essa represa presa no peito? Chamo de amor.



segunda-feira, 2 de julho de 2018

Qual é o seu norte?


A Astrologia é um campo que relaciona símbolos, arquétipos, elementos da natureza, posições planetárias, entre outros fatores astrais, e cada elemento desses são regidos pelas forças temporais, isto é, pelas tradições culturais que uma determinada sociedade possui. Estudar as diferenças históricas de cada sociedade nos faz compreender como a utilização da Astrologia mudou no correr dos séculos, e que fazer anacronismos não nos favorece.  
Formar uma consciência histórica é poder nos colocar no presente como indivíduos, e sermos capazes de irmos ao passado e nos projetar no futuro, sem lançar culpas ou vitimismos, pois se tem o entendimento da experimentação humana em seus diferentes tempos e seu desenvolvimento. As memórias passadas (Lua) nos mostram possibilidades para o futuro e o presente, se nos colocarmos enquanto participantes da História. O que ocorreu e ainda ocorre, é a colocação passiva de sermos apenas o resultado de um passado remoto, que nem nos lembramos mais, falas como: “a corrupção é assim mesmo, desde que o mundo é  mundo”, “as mulheres não querem direitos iguais,então por que a Lei Maria da Penha?”, “os negros tem cotas, isso é racismo reverso?”, aqui são alguns pontos para pensarmos essa dissociação temporal, existe uma generalização que obscurece a razão e a consciência, quando falo em consciência histórica, termo utilizado pelo historiador Jörn Rüsen, falo dessa separação temporal que muitas pessoas vivenciam, se colocando à parte do todo. E o que isso tem haver com a Astrologia?
Diante de meus estudos astrais, tive uma sensação de que uma consciência histórica tem uma relação com os Nodos Lunares. Os nodos não são planetas, não são visíveis, eles são pontos demarcados da intersecção da passagem da Lua pela Terra, quando passa pela eclíptica do Sol.  Nosso passado histórico também é demarcado, no tempo, em uma trajetória que a humanidade caminhou, e assim podemos nos posicionar no presente enquanto sujeitos históricos capazes de fazer mudanças visando um futuro, um lugar que queiramos chegar, sem apenas sermos arrastados pelas circunstâncias inerentes à história da humanidade, seria pegar nossa vida nas mãos e fazermos os ajustes pertinentes ou não, mas termos a consciência disso, e não relegar ao passado os infortúnios do presente, com “mas sempre foi assim”.  Os nodos lunares existem em eixo de oposição, dualidade, vida, morte, passado, futuro, e a pessoa encarnada vive no presente, lidando com ambas as energias, passado e futuro, o passado enquanto apego ou descanso e o futuro enquanto anseio e projeções, todavia o que se faz no presente? Muitas vezes, se culpa, olha lá de novo “por que sempre foi assim”... É uma ladainha que invade muitos de nós, sem nem nos percebermos.
Os Nodos Lunares são, o nodo norte ou cabeça do dragão, e o nodo sul, a cauda do dragão, o primeiro nos diz para onde devemos ir e o segundo de onde viemos. A cauda do dragão representa o passado, nossa vida uterina, ou ainda uma arraigada forma de viver que se tornaram obsoletas e nos acompanham entre várias vidas, já a cabeça do dragão é o norte que nos diz para onde devemos ir, são aquelas experiências que ainda não vivemos, mas que quando damos passos rumo à ela temos satisfação, pois abre-se novas experiências e oportunidades. Mas o passado não deve ser abandonado, ignorado, o uso dele é para nos preparar para um futuro mais íntegro, completo, e como estamos falando em polaridades, quando fixamos em apenas uma, há o enrijecimento e a estagnação. Aqui nesse eixo temos uma tensão das forças lunares do passado e das solares representando nosso futuro, que são vivenciadas na Terra. Para haver a união do ser entre seu passado e para aonde deve ir, a pessoa que quer se melhorar deve encontrar seu ponto de equilíbrio, muito provavelmente o ponto do Ascendente trás essa resposta, já que é a meta e o caminho a seguir. (saber sobre ascendente ver aqui:http://trigonosastrais.blogspot.com/2017/06/o-presente-e-o-ascendente.html )
Os nodos devem ser analisados tendo em vista todo o mapa astral, seu posicionamento por signo é geracional e por casa é individual. No nodo sul, temos um porto que por vezes não é muito seguro, e no norte temos uma sensação de estar sem chão, mas quando damos o primeiro passo já sentimos chão sob nossos pés, mas a estrada é longa e deve ser seguida passo a passo, firmando um caminho para si, novo até então, mas atentos, por que o canto da sereia (nodo sul) tá sempre aí pra nos seduzir.
Para concluir que já falei demais, propus essa relação entre consciência histórica e os Nodos Lunares, pois ambos trazem do passado o conhecimento necessário para um presente e um futuro melhorados, eu sou uma ser humana em busca de melhoramentos, rsrsrs, e tendo em vista que o nodo lunar percorre um mesmo signo durante mais ou menos um ano e meio, seu trabalho age num determinado grupo, em várias almas com um enfoque comum, assim também são as construções históricas nas quais muitos indivíduos estão envolvidos, e estiveram, e aqui nos dois casos a Lua nossa mestre do passado que através de suas memórias nos faz sermos o presente do agora, e esse agora pode ser novo, renovado ou apenas um rascunho caótico de um passado que aparentemente não nos pertence, porém que nos amarra na inconsciência de dias coletivos, esses muitas vezes carregados de sofrimentos, pois não nos atrevemos à mudança dos polos, e assim quase impossível o equilíbrio do meio.
E como ir ao encontro do nosso norte? Como sermos sujeitos históricos conscientes do tempo e espaço que ocupamos? As culturas e tradições que estamos envolvidos nos dizem respeito ou são estranhas a nós? Aceitamos o inadequado, mas posto secularmente? Rejeitamos o novo, apenas por medo? Ou será que há mais verdades do que nos contam os livros de História e os antigos manuais da tradição astral? Mas queremos as verdades ou o descanso no conforto de “sempre foi assim”? Eu não sei as respostas, mas tenho tantas perguntas...  
 E então, qual é o seu norte?

imagem: glooge imagens

sexta-feira, 27 de outubro de 2017

Tempo de Escorpião

Quando a energia de um signo alcança o Sol, toda a humanidade recebe sua irradiação, a vitalidade da vida se colore com as cores desse signo, e desde o dia 23 de outubro quem dá sua força para nós é Escorpião!
Nas moradas de Escorpião encontramos intensidade emocional, força de vontade concentrada em objetivos fixos, muitas vezes beirando a paranoia, por isso Escorpião é desconfiado e seu olhar de águia penetra a alma, mas nem sempre vê com clareza, pois foca primeiramente no obscuro, procurando nas incertezas humanas seus vacilos, crimes, culpas, pecados e tudo mais que corrompe homens e mulheres. Na sua profundidade está em busca da verdade.
Em Escorpião nos é dada a oportunidade de descermos aos íntimos de nós mesmos, trazer de nossas sombras o que ocultamos de nossa verdade interior. De Áries a Libra, a evolução humana não voltou-se para si mesma para reavaliar-se, e muito lixo emocional é depositado no inconsciente, para depois Escorpião fazer seu inventário e recuperar o que vale a pena, para renascer com mais força e beleza, mas antes vem a dor das renúncias, e dos reconhecimentos daquilo que fora deixado de lado. O que não gosto em mim? Quais meus padrões de preconceito? O que eu faço de escandaloso quando ninguém me observa? O que aponto nos outros que não aceito em mim? Quais desejos sexuais não tenho coragem de assumir a não ser em sonhos ou pesadelos? Quais pessoas ou familiares sou obrigada a fingir afeição? Minto para agradar? Suborno ou aceito suborno? Em quais caminhos corrompo minha alma? Todos essas perguntas carregam uma pesada carga que inevitavelmente temos que colocá-la em algum lugar, e você sabe onde está o seu próprio veneno letal, tal qual o de Escorpião?
O simbolismo de Escorpião tem relação com serpentes, lagartos, escorpiões, águias e pombas. Na fase rastejante temos a pulsão pela morte, o desejo da aniquilação, que psicologicamente é a destruição do ego, das amarras que nos prendem, e que não permitem o voo da águia (consciência), quando Escorpião desce aos infernos interiores e se permite encarar seus próprios demônios sem lançar culpa aos outros e reconhecendo em si sua maldade, a morte e destruição, tal qual o mito da Ave Fênix, que se auto incinerava para ressurgir na vida ainda mais bela, e em profunda transformação, esses seres morrem para o velho e revalidam sua fé na vida que será representada por Sagitário.
A missão de Escorpião é forte e dramática, e sua sexualidade é intensa e apaixonante, mesmo que prefira a castidade, pois quando encontra o amor no ato sexual ou na sua privação, está em contato com a alma e seus segredos, e isso não é nada leve, quando arraigado aos medos e paranoias é ciumento, violento e obsessivo, mas quando liberto dos medos é um amante de corpo e alma. É regido por Plutão e Marte, ambos planetas de intensa violência e destruição. Marte mais aguerrido e potente sexualmente, Plutão lento e aniquilador, obsessivo e apaixonado. Escorpião é um signo fixo, das águas e feminino. É um mago, bruxo, alquimista dos mistérios profundos da alma humana. É sensível e para se proteger pode ser extremamente cruel e não poupar esforços para destruir seus inimigos, corre o risco de destruir a si mesmo, assim como no mito de Órion, um bravo caçador que trava luta com um escorpião gigante e acaba morrendo, mas transforma-se na bela constelação do céu noturno.
O tempo presente é de renascimento, mas antes precisamos morrer. E você sabe o que precisa morrer em você?

Escorpião, por: Lesley Anne Ivory

terça-feira, 3 de outubro de 2017

Faces de Mercúrio

Nós, pessoas que habitamos no tempo do século XXI, estamos vivendo intensamente, sob as energias de Mercúrio. A sociedade contemporânea é sobremaneira lógica, racionalista e intelectualizada, em suma, o pensamento científico ainda é o paradigma da vez.  Damos ênfase às forças mentais (quase sempre desequilibradas rsrs) que geram pensamentos padronizados, muitas vezes confusos, ou em tamanha profusão que não se consegue apreende-los.  Este esquema mental, quase sempre está corrompendo-se aos desmandos do ego em detrimento da vontade própria.
 E em astrologia o que Mercúrio quer nos dizer?
Mercúrio é o menor planeta do sistema solar, o mais veloz e próximo do Sol, sua longitude em relação ao astro rei é de no máximo 28º, estando assim no mesmo signo do Sol, em um signo posterior ou anterior ao signo solar, e seu aspecto possível junto ao Sol é o de conjunção. Inevitavelmente o calor magnético do Sol transpassa a órbita de Mercúrio. A mente é um guia para os propósitos solares nas entidades humanas, e o que ocorre nos contemporâneos é uma supervalorização da mente em detrimento do Ser. Esses desequilíbrios das funções representadas por Mercúrio, trás diversas insatisfações, são o stress mental, as doenças mentais, a impaciência, a ansiedade, os preconceitos, os falsos juízos, os totalitarismos que não assumem a auteridade, e as inúmeras distorções que causam graves distúrbios na ordem dos dias.
Mercúrio é o planeta da lógica e do raciocínio, demora entre 88 dias para dar uma volta em torno do Sol. Está relacionado com os processos cerebrais que dizem respeito ao intelecto, a aprendizagem motora e a comunicação, mais intimo do lado esquerdo do cérebro, rege o sistema nervoso e a respiração. A meditação é a sabedoria de Mercúrio, quando se dispõe a praticá-la. É ágil, veloz, de temperamento instável, um legítimo filho dos ventos. Ou um mega processador de dados, o computador planetário. E como na analogia, ele é frio, tem informações, mas não tem sentimentos, necessita do calor do Sol para ser útil à humanidade, caso contrário pode vir a ser (ou já é) um tirano de sua própria personalidade.
As mais evidentes expressões de Mercúrio são a fala, a escrita, a comunicação corporal (dança, mímica, acrobacia) o labor artesanal, as atividades comerciais e toda a troca de conhecimentos que nossas mentes possam alcançar. Mercúrio relaciona-se com os cincos sentidos (fala, audição, tato, paladar, olfato) para poder decifra-los com sua mente lógica e formadora de conceitos. Sua função é tornar possível a interação entre homens, mulheres e o meio em que vivem. Mas falta-lhe compromisso, ética, moral e disciplina, por isso a exaltação de Mercúrio é um tanto nociva, é só observar nossa sociedade, e  a quantidade de informação, de dados, ou de qualquer outro acúmulo e que não tenha vazão intuitiva e que é utilizado como manobra mental pelas mídias. É o excesso digitalizado em movimento extraordinariamente rápido, num clik, em um chip. Vivemos em uma automação mercurial e temos no exemplo da mídia, que detêm e controla uma enorme quantidade de informações, já que o conhecimento é poder. E este poder,  em sua maioria é utilizada para manobrar a massa social, sua utilização não pressupõe ao bem social, mas à manipulação em proveito de um grupo minoritário que comanda os meios de comunicações e as mais diversas mídias. Assim tem o poder quase que ilimitado junto ao seu povo, vide política e economia, ambas trabalham de mãos dadas com a mídia. Se os indivíduos não colocarem o seu Mercúrio pessoal em prol de seus Sois, Júpiteres e Luas estarão sendo facilmente manipulados pela grande mídia (Urano e Saturno).
Na mitologia grega Hermes (Mercúrio) é o filho caçula de Zeus e da ninfa Maia, dotado de sagacidade e inteligências incríveis, logo após o nascimento, Hermes já sai aprontando com seu irmão Apolo, rouba seu rebanho sagrado, mas também produz um instrumento musical, a lira, com um casco de tartaruga. Descoberto seu roubo, Zeus o perdoou, e até achou graça de tamanha esperteza, afinal não passava de uma criança! E para ficar de bem com seu irmão-Sol, Hermes devolveu os bois sagrados de Apolo e o presenteou com a Lira. Mercúrio é também o protetor dos ladrões! Nesse mito percebemos a ligação especial entre Mercúrio (Hermes), Sol (Apolo) e Júpiter (Zeus), aqui se torna evidente que a mente deve estar a serviço de algo maior, de uma vontade superior (Sol/Júpiter). Dizem que: “Mercúrio é o servo de Júpiter”. E em astrologia Júpiter é a nossa vontade superior, a vontade de Deus em nós. Logo, a mente não é senhora de si, e quando damos ouvidos e corpo e alma a uma mente desregrada, tudo em nossa vida se transforma de acordo com ela. Pois Mercúrio também é o mago alquímico, tem asas nos pés para ir para onde quiser, e nas mãos carrega o caduceu, símbolo de cura que contém duas serpentes entrelaçadas, utilizada até hoje com essa significação.  Inclusive é um Deus mensageiro que pode ingressar no reino de Hades sem necessariamente morrer, aqui podemos perceber sua ligação com o signo de Gêmeos, que é regido por ele, Mercúrio. A dualidade está presente nesse arquétipo, ora no mundo da matéria, ora no mundo da mente, ora na Terra, ora no Inferno, sua função também é a busca pela unidade, que mais uma vez só será encontrada em seu Sol, por mais brilhante que seja a sua mente.
Mercúrio rege Gêmeos e Virgem, é de temperamento frio, seco e tem os dois sexos em si, é hermafrodita, diz-se que Hermes teve um breve romance com Afrodite e desse amor nasceu Hermafrodita, daí vem a mítica simbólica da “neutralidade” sexual de Mercúrio. Em Gêmeos, Mercúrio está em busca de conhecimento, seja qual for, para abastecer sua infinita curiosidade, para manter sua mente jovem com ares novos, assim como um Peter Pan, que não ousa envelhecer. Não precisa de praticidade, basta a realização mental, dá muita inteligência, esperteza, fácil comunicação e aprendizagem, sempre pronto para aprender algo novo, e comunicar e aprender... Já em Virgem, Mercúrio se torna mais prático, quer aprender para colocar em prática, se a ideia não tiver aplicação logo é descartada por algo que se possa aplicar, tem uma mente disciplinada e extremamente crítica, mas que possibilita excelentes resultados.
Para sabermos mais sobre nossa capacidade intelectual, mental, sobre nossa aprendizagem, e também sobre nossos preconceitos e estreitamento mental devemos olhar nosso Mercúrio pessoal, em que signo está, qual casa e aspectos que fazem com os outros planetas e para um maior esclarecimento deixo aqui de forma sucinta seu significado por signo:
Mercúrio em Áries – Mente rápida, apto a inícios e desafios, gosta de uma boa discussão em que possa defender seus pontos de vista, embora nem sempre esteja com a razão.
Mercúrio em Touro – Pensamento concreto, com base em sua realidade, pouco dado a devaneios e fantasias infundados, é uma mente prática.
Mercúrio em Gêmeos – Mente brincalhona, capaz de se satisfazer com sua própria capacidade mental, gosta da comunicação e aprender sempre mais.
Mercúrio em Câncer – Sensibilidade mental, pode ter dificuldade de pensamentos com objetivos claros, sem influencia sentimental. Mente que fantasia com facilidade.
Mercúrio em Leão – Mente criativa, raciocínio exuberante que pode chegar a megalomania.
Mercúrio em Virgem – Mente racional, pragmática, analítica e de cunho crítico.
Mercúrio em Libra – Inteligência estética, mente apurada para o belo e a harmonia. Pode ter hesitação ao ponderar demais em busca de um falso equilíbrio.
Mercúrio em Escorpião – Inteligência investigativa, pode chegar a ter uma mente manipuladora e de caráter desconfiado.
Mercúrio em Sagitário – Capacidade de ir além com uma mente que se inquieta com a banalidade do dia a dia, busca por algo mais. Pode perder-se nas metas da mente.
Mercúrio em Capricórnio – Pensamento sério e focado, mente laboriosa e concentrada. Pode ter rigidez mental.
Mercúrio em Aquário – Inteligência inventiva, genialidade ou excêntricismo.
Mercúrio em Peixes – Mente intuitiva, pouco lógica, pode ser musical, poética ou escapista.

E o seu Mercúrio pessoal serve ao seu desenvolvimento humano ou te tiraniza te colocando como massa em nossa sociedade? Quem pensa por você? Quais são seus conceitos, prisões ou liberdades mentais? Todos esses aspectos são da ordem de Mercúrio, e quais são os seus? 





terça-feira, 5 de setembro de 2017

Marte a força da vida

A energia vital necessária para manifestarmos nosso mapa natal, de forma ativa e concreta no mundo da matéria, está diretamente relacionada com o planeta Marte. Este planeta representa a capacidade de satisfazermos o ego, através de nossas ações no dia a dia, atividades simples como as fisiológicas, são realizadas pela força de Marte, outras mais elaboradas como ir à busca de um trabalho, ou praticar algum esporte, também são governadas pelo planeta vermelho.  Não é à toa que vemos uma estrela de cor avermelhada ao olharmos para um céu noturno, é, estamos olhando para Marte! Sua cor representa a energia vital, a paixão que nos tira do marasmo e o desejo de vitória para enfrentar os obstáculos da vida. 
Os antigos astrólogos em sua sabedoria e estudos atribuíram a regência de Marte para Áries e Escorpião, na via ariana, explode em iras e também em vitalidade, está pronto aos inícios e aos desafios, é um guerreiro ativo. Na perspectiva escorpiônica, há uma concentração de energia que pode ser desferida com profundo impacto violento, com crueldade vingativa e paixões intensas.
Marte é o arquétipo da virilidade masculina, do herói, do guerreiro, do jovem com seu vigor físico. É a necessidade energética para criar vida, quando na bíblia se lê “crescei e multiplicai-vos”, o livro esta falando da função sexual puramente reprodutiva, do instinto de sobrevivência de espécie, e aqui Marte é quem garante a multiplicação da vida, porém na bíblia não encontramos incentivo para as paixões carnais, e Marte é paixão avassaladora! Podemos pensar quando uma energia poderosa como a da paixão, é burlada pelas religiões ao nos querer colocá-la como pecaminosa ou de instintos baixos, afinal Eva e Lilith são “traídas” por suas paixões/curiosidades/sexualidades. Assim, tradições patriarcais tentam por séculos extirpar a energia masculina/marciana das mulheres, pretendendo ser inato ao sexo masculino os desejos carnais e, por conseguinte toda uma forma de agir assertivamente na vida diária. Ímpeto, coragem, desejos, libido, força física, vitalidade, força de vontade, conquistas e aventuras, foram forjadas socialmente para serem qualidades exclusivamente de homens, até na astrologia podemos identificar essa disparidade quando dizemos que no mapa de uma mulher Marte representa seu modelo de homem ideal. Mas, ao alargarmos a consciência e ao conseguirmos avanços políticos/culturais, muito em conta por inclinação e luta das mulheres /feminismo, o sufrágio universal e o advento da pílula nos servem como exemplos. O feminismo toca justamente em pontos que pretendam sair do preconceito da mulher enquanto despossuidora da capacidade de conquistas por elas mesmas, e de igualdade social. Marte é sim um arquétipo do masculino, mas enquanto energia é o yang, e está disponível para todas, aliás, a polaridade Marte e Vênus, não nos falam do homem ou da mulher enquanto pessoas, mas de forças cósmicas que são recebidas por nós enquanto humanidade para nosso desenvolvimento enquanto espécie, mas antes precisamos usar tais energias planetárias individualmente, com equanimidade. A força marciana que proporciona o “ir em busca dos sonhos” é disponível em potencia para homens e mulheres, cis ou trans.
A cultura do estupro, por exemplo, é produto do patriarcado, aqui podemos ver Marte totalmente distorcido pela violência, dominação e poder, ao violar um corpo através do estupro, supostamente fraco e inferior em seu desejo(Marte) e vontade(Marte). O homem como produto de toda uma indústria capitalística patriarcal, se coloca como algoz sexual de mulheres, negando às mulheres de exercerem sua liberdade sexual, sua energia vital, o que também ocorre quando grupos humanos tem a tradição de retirar o clitóris das mulheres, agem no centro de energia, pois é mais fácil dominarem corpos “docilizados”, sem tesão. Michel de Foucault analisa em profusão a relação da sexualidade com a sociedade capitalista e sua ascensão, para ele, há dispositivos de poder que regulam os corpos através da Igreja, com o domínio dos pecados e do Estado com a invenção da ciência que normaliza e cura. Ao instituírem/normalizarem o que é saudável ou doente, qual a conduta moral que não adere aos pecados carnais estão entrando nos corpos com amarras para tornar as pessoas dependentes e fragmentadas em suas vontades instintivas e seus desejos. Indo um pouco além, verificamos pessoas que precisam tomar suas doses diárias de Marte (vontade de ação) em forma de pílulas, remédios para tirar da apatia, da depressão. O que era pra ser gerado e usado de forma construtiva pode ficar retido, atrofiado, confinado nos confins de uma mente, de um corpo que se vê preso pelas amarras invisíveis da cultura de seu tempo.
Na corrida pela competência, na pressa ansiosa, na luta diária para correr atrás do pão, entre tanto que tem por fazer, que assumir uma sexualidade ou gênero fora dos padrões da normalidade geralmente coloca pessoas em grupos de riscos, é só ver as estatísticas de feminicídio, estupros, violências contra mulheres cis, trans, contra gays, lésbicas. Essa violência aparentemente se legitima na superioridade do macho, oposto da mulher, e não alterável, uma forja em ferro, mas falso, porém ainda mata, e até quando?
Houve uma inversão de valores marcianos no correr dos tempos, pois com a dominação do patriarcado, Marte passou a não mais amar a Vênus e sim a querer ter sua posse através de seu corpo, ao homem ficou definido o papel do herói que vai à luta e tem como amante a mulher que quiser, já a parte de Vênus que ama em profusão e encantos sedutores que não são reservados ao matrimônio, ficou relegada como prostituta ou como amante em sentido imoral, que vai às margens do que seria visto como aceitável socialmente.
Na mitologia romana Marte é o deus da guerra violenta, sangrenta, ele está constantemente guerreando com sua irmã Minerva, deusa da guerra estratégica. Marte é vencido por Minerva constantemente, nem toda sua disposição à violência garantem seu sucesso. Marte é dotado de coragem e força física, apaixona-se por Vênus e os dois tornam-se amantes, pois Vênus é casada com Vulcano, irmão de Marte. Se nota, que a energia marciana é recebida por Vênus com mais suavidade, Marte não pretende possuí-la, ou dominá-la, ele a protege, e ama sensualmente, juntos geraram Cupido, deus do amor.
O capitalismo arrasta a energia marciana para a satisfação cruel, desde o incentivo a uma individualidade altamente competitiva, geradora de estresse, acidentes, violências, crimes e guerras. No mapa pessoal, Marte pode ser nosso pior inimigo ou guerreiro protetor, isto vai depender do caráter da personalidade, o quanto o ego está ligado ao super ego e aos desejos egoístas ou altruístas, se sua ação ou inação é por medo ou coragem.
Você já se perguntou, “com qual intenção eu uso minha força motriz de vida?” “Sou levado cegamente por desejos de vitória, de reconhecimento e dominação?” “Não saio do lugar por falta de força de vontade de iniciar meus projetos?” “Se quero uso da raiva, da violência física para conseguir meus objetivos?” “Procrastino ao máximo meus projetos?” “Sei direcionar minha energia vital, para ter saúde e disponibilidade para realizar meus objetivos?” “Uso minhas paixões para impulsionar minha existência?” Etc, etc, etc... São questionamentos pertinentes ao nosso lugar ao sol, dentro da realidade pessoal de cada um e em relação ao meio social.
Para sintonizar com nosso Marte pessoal, verificamos na mandala astral em que signo ele está, para nos mostrar com que cara ele vai atrás de suas conquistas, por exemplo, quando está em Câncer, a potencia marciana se revelará com muito sentimentalismo, sua ação estará relaciona aos humores, pode reter a raiva para depois estourar em fortes chantagens emocionais, ou apatias que chegam a beirar a depressão, mas também pode ser criativo e energético ao se decidir em cuidar, em nutrir, em lançar suas emotividades em trabalhos que requeiram essas qualidades. Já um Marte em Virgem, ira agir minuciosamente, será mais contido na expressão das paixões, tendendo a racionalização excessiva. Nas casas astrais em que encontrarmos Marte, sentiremos maior necessidade de ação, assertividade, de conquistas, de nos lançarmos aos caminhos heroicos da aventura. Na casa 1, Marte está voltado para si mesmo, para as conquistas pessoais que integram sua personalidade. Na casa 10,Marte agirá para ser reconhecido socialmente, ira lutar com unhas e dentes para ter sucesso na vida pública. Já na casa 12, poderá ter dificuldade de se autoafirmar, de saber o que quer e quando sabe o medo de ir à luta pode impeli-lo à procrastinação ou apatia. Na casa 6, o estímulo da ação se dá através do trabalho, do cuidado com a saúde, podendo gerar um workaholic . Marte irá se manifestar também por meio dos aspectos que faz com outros planetas e ângulos do mapa, e toda essa rede que contém Marte está nos apontando para nossa tomada de atitude na vida, sobre nossa capacidade de agir/reagir diante da realidade pessoal e interpessoal de cada um. Saímos do lugar quando damos o primeiro passo, alguém já disse, e por onde teus passos te levam diz muito do Marte que há em você, pergunto: ele te satisfaz? 

Vênus desarma Marte, pintura do século XIX, Jacquer-Louis David